Aloysio Faria, que ao longo de décadas construiu um império bancário a partir do Banco Real, morreu hoje de causas naturais em sua fazenda no interior de São Paulo, uma pessoa próxima à família disse ao Brazil Journal.

Ele tinha 99 anos, e completaria 100 no início de novembro.

“Aloysio Faria foi um ícone do moderno sistema bancário brasileiro,” disse o chairman do Bradesco, Luis Carlos Trabuco. “Ele conseguiu montar uma equipe moderna na construção de produtos, na adoção da segmentação… ele viu nisso vantagens competitivas e fez essa obra marcante que foi o Real.”  

A saga bancária dos Faria começou no Banco da Lavoura de Minas Gerais, fundado em 1925 por Clemente Faria, pai de Aloysio. 

Em 1971, os herdeiros de Clemente decidiram seguir cada um seu caminho. Aloysio ficou com o Banco da Lavoura, que passou a se chamar Real.  Seu irmão Gilberto ficou com o Bandeirantes, outro banco que pertencia à família.

Aloysio vendeu o Real em 1998 para o ABN AMRO, numa das poucas incursões de um grande banco internacional no mercado brasileiro.  Em seguida, montou o Banco Alfa, um conglomerado de empresas que controlava até hoje.

Como empreendedor, também construiu a rede Transamérica de hotéis e de rádio, e foi pioneiro na construção de um grande resort, o de Comandatuba, nos anos 80.

Também controlava a C&C Casa e Construção, a rede de sorveterias La Basque, a água mineral Prata e a Agropalma, uma fabricante de óleo de palma no Pará.

“Ele foi um construtor, uma pessoa que acreditou no Brasil e soube colher as possibilidades que o Brasil deu,” disse Trabuco. 

Workaholic, Aloysio tinha apenas três hobbies: cavalos (criava árabes), sorvete (tomava La Basque) e… trabalho (até recentemente ia todos os dias à sede do Alfa, de cujo conselho já saíra há anos).

Viúvo, Aloysio deixa as filhas Lúcia, Junia, Flávia, Cláudia e Eliana.
 
O enterro ocorrerá hoje à tarde em cerimônia reservada à família.