A ação da Ultrapar desabou 12% depois de um trimestre que o UBS comparou a companhia a “um marinheiro perdido em águas turbulentas.”
A companhia perdeu R$ 2 bi de valor de mercado, e fechou o dia valendo R$ 17 bilhões.
Na prática, a Ultrapar reportou números fracos nos negócios que está mantendo — Ipiranga, seu principal negócio — e números fortes nos que está vendendo, como a Oxiteno.
A Ipiranga registrou EBITDA de R$ 422 milhões. Mas quando se exclui desse número R$ 97 milhões de créditos tributários e R$ 32 milhões da venda de ativos, o resultado recorrente, de R$ 293 milhões, veio com margem de R$ 52/m3, uma das menores já registradas pela empresa.
O número ficou 38% abaixo das estimativas do UBS e 44% inferior ao esperado pelo BTG Pactual.
No call de resultados, a Ultrapar sinalizou que iniciou o trimestre com estoques muito elevados de etanol — ao longo dos meses, os preços sofreram um colapso. Um gestor disse que a derrapada “parecia coisa dos tempos da BR estatal”.
A segunda onda da pandemia também pesou na performance da empresa. E, piorando a percepção do mercado, a administração sinalizou que está muito empenhada em ganhar market share — e destacou o aumento da concorrência.
O UBS disse que vê a Ipiranga ficando para trás em relação aos pares na recuperação de margens e rentabilidade. Para os analistas, a Ultrapar ainda não sinaliza que vai capturar o upside esperado pelo aumento do foco na distribuição de combustível, depois da decisão de vender negócios como a Extrafarma e a Oxiteno.
O EBITDA da Ultrapar ficou em R$ 769 milhões, 25% abaixo do consenso, enquanto a Oxiteno entregou um EBITDA recorrente recorde de R$ 274 milhões.
Os resultados de hoje vem um ano depois do Pátria entrar no acordo de acionistas da empresa e ocupar duas cadeiras no conselho de administração, com os sócios Otávio Lopes Castello Branco Neto e Alexandre Saigh.