A Omega Energia comprou a fatia de minoritários em projetos do complexo eólico Assuruá, na Bahia.
Com a operação, a empresa vai ficar com 100% do negócio e se livrar da possibilidade de litígio com os minoritários, que vinham fazendo barulho desde a fusão entre Omega Geração e Omega Desenvolvimento em outubro passado.
Por volta das 16h, a ação da Omega subia 4,25%, enquanto o Ibovespa ainda operava estável.
A Omega está comprando 20% dos parques eólicos Assuruá 4 e 40% de Assuruá 5 – ambos em construção – além de debêntures conversíveis nos projetos Assuruá 6, 7 e Assuruá Solar, todos ainda na prancheta (ou early stage, no jargão do setor.)
A Omega tinha como sócios em todos estes projetos um grupo de minoritários liderado pelo empresário paranaense Carlos Roberto Nunes Lobato, que é ao mesmo tempo acionista da Omega e cotista do FIP que vendeu os projetos Assuruá para a empresa. Os minoritários votaram contra a fusão em outubro e, em dezembro, entraram com uma arbitragem questionando seus direitos por conta da operação.
Os minoritários estavam dizendo que a reestruturação da Omega dava a eles o direito a tag along por conta da participação em Assuruá 4 e 5; e também queriam suspender a venda dos projetos early stage, fechada um mês antes do anúncio da reestruturação, em setembro de 2021.
A Omega dizia que seus assessores legais – Sergio Bermudes, BMA e Stocche Forbes – consideravam a possibilidade de perda como remota.
Nos últimos meses, no entanto, os minoritários e a empresa acabaram fazendo um acordo que inclui um non-compete para os minoritários e o fim de todas as ações arbitrais – o que levou investidores a avaliar que a empresa estava fechando negócio para se livrar de litígios.
“Fizemos a operação pelo mérito econômico dela. No acordo da aquisição também garantimos que as demandas desses acionistas ou fornecedores de projetos fossem descontinuadas e elas estão para todos os efeitos encerradas,” Antonio Bastos Filho, CEO e fundador da Omega Energia, disse ao Brazil Journal.
A TIR estimada por analistas para a operação ficou próxima a 10%.
O analista Antonio Junqueira, do Citi, disse que levando em consideração o valor justo que estima para a ação da Omega, a TIR real da aquisição seria muito próxima de 8%.
No total, a operação vai movimentar cerca de R$ 412 milhões.
Metade desse valor vai pagar as participações em Assuruá 4 e 5 – R$ 57 milhões em dinheiro e 14,5 milhões em ações da Omega, que equivalem a cerca de R$150 milhões. (Assuruá 4 e 5 são projetos em fase de construção e devem começar a operar em 2023 – a estimativa é que adicionem cerca de R$ 380 milhões ao EBITDA da Omega Energia no ano que vem.)
A outra metade dos recursos foi descrita como um prêmio pago aos minoritários pelos direitos de desenvolvimento de todos os projetos early stage, que podem chegar a 617,6 MW de capacidade instalada adicional. Por esses direitos, a Omega vai pagar quatro parcelas anuais de R$ 51 milhões.
No Credit Suisse, os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano disseram que embora os investidores possam estar preocupados com esse custo adicional para a Omega por conta do pagamento do prêmio, a empresa provavelmente decidiu eliminar potenciais conflitos com os minoritários para o desenvolvimento do portfólio completo no futuro.
“Como resultado, potenciais upsides desses projetos, como melhores preços ou estratégia de negociação e maiores margens, serão totalmente absorvidos pela Omega”, disseram os analistas.
Por conta da aquisição, a Omega disse que seu plano de investimentos para 2022 passará por um reajuste, com o adiamento do início de obras de novos empreendimentos – a Omega vai ter de investir R$ 200 milhões além do inicialmente previsto no complexo nos próximos 18 meses.
No BTG Pactual, os analistas João Pimentel e Gisele Gushiken esperam que a construção do projeto solar Morada do Sol seja adiada do terceiro tri deste ano para meados de 2023.
“No entanto, em termos de fluxo de caixa, o EBITDA adicional proveniente dos projetos eólicos de Assuruá vai compensar esse adiamento,” projetam os analistas.