As gestoras ACE Capital e GROU Capital estão fundindo suas operações — unindo expertises complementares e ganhando escala num momento de maior concorrência e consolidação na indústria de assets independentes.
A ACE é focada em multimercados macro e foi criada em meados de 2019 por ex-executivos da tesouraria do Santander. Já a GROU, especializada em equities, foi fundada em 2017 por um grupo de profissionais que deixou a BRZ Investimentos.
A fusão das duas gestoras vem sete meses depois da ACE receber um investimento de R$ 100 milhões do Rising Stars, o fundo levantado pelo Itaú junto a clientes para investir em novas gestoras.
Após a fusão, a casa vai manter o nome ACE Capital e atingir cerca R$ 4 bilhões em ativos sob gestão (R$ 3,6 bi da ACE e R$ 400 mi da GROU).
Ricardo Denadai, o CEO e economista-chefe da ACE, disse ao Brazil Journal que a indústria de fundos está exigindo empresas cada vez mais estruturadas, agora que o relacionamento com os investidores ganhou uma escala muito maior com as plataformas de varejo.
“Há pouco tempo, era só abrir um fundo. Agora, com mais exigências dos investidores e alocadores, as gestoras precisam pensar em produtos diversificados, estrutura de pesquisa, de análise e investimento em tecnologia,” disse Denadai.
Tiago Cunha, sócio-fundador da GROU, disse que fechou o negócio olhando para essa indústria daqui a 10 anos: “O mercado será cada vez mais competitivo e a escala vai fazer muita diferença,” disse ele. “E escala não é só volume, é também a capacidade que teremos com times complementares.”
A GROU é uma casa fundamentalista, que investe em teses de longo prazo. A principal delas – que responde por 30% do fundo – é a ‘eletrificação’ da economia global. A gestora tem empresas como Sigma Lithium – sua maior posição – além da WEG e da Freeport-McMoRan, a produtora de cobre.
Outras apostas estão nos segmentos de proteína e infraestrutura.
Já a ACE está comprada em inflação no Brasil e no mundo. “Esse é um tema que não será resolvido tão rapidamente,” disse Fabricio. A gestora tem posições tomadas em juros em alguns países que ainda estão na metade do ciclo de normalização monetária. E está pouco exposta a ações, por achar que o cenário de curto prazo é desafiador.
“Quanto mais difícil o ambiente macro para a renda variável, maior a importância e relevância da capacidade micro de análise nome a nome,” disse Denadai.
O multimercado da ACE tem ganho de 7,63% no acumulado do ano (233% do CDI); e desde o início, em setembro de 2019, entregou 239% do CDI ou CDI+5,64%.
O fundo de ações da GROU acumula retorno de 44,6% desde o início em fevereiro de 2020, contra 2% do Ibovespa. Neste ano, ele tem alta de 3,71%, enquanto o Ibovespa sobe 2,9%.