A BR Partners teve mais um trimestre de resultados recordes, com o top line impulsionado por uma atividade robusta de estruturação de dívida e M&As, e o ROE atingindo um novo patamar histórico.
O banco reportou uma receita líquida de R$ 142 milhões, uma alta de 37% ano contra ano, e uma receita com clientes de R$ 111 milhões, uma alta de 51%.
O lucro líquido foi de R$ 52 milhões, com um ROE de 24,9%. A rentabilidade foi a maior da BR Partners desde seu IPO, superando o recorde atingido no trimestre passado, quando o ROE foi de 24%.
“O mercado de dívida está extremamente líquido, tanto do ponto de vista da demanda corporativa quanto da demanda das gestoras,” Vinicius Carmona, o diretor de RI do banco, disse ao Brazil Journal. “Diferente do universo de equities, as gestoras de crédito estão com bastante capital e apetite para investir, e estão pedindo produtos.”
Segundo ele, essa dinâmica tem permitido um fechamento dos spreads, o que tem levado muitas empresas a aproveitar o momento para reperfilar suas dívidas.
“Tem começado a aparecer também um pouco de emissões para investimento, com algumas debêntures de infra nos setores de energia e transporte. Mas a maior parte ainda tem esse perfil de reestruturação.”
No M&A, a atividade também continuou forte, seguindo a dinâmica do primeiro tri. Vinicius disse que apesar do mercado de equities não ter ajudado e da Selic continuar alta, “havia tantos projetos represados que as empresas continuaram fazendo transações.”
No trimestre, a BR Partners assessorou a Amil em sua joint venture com a Dasa, que criou o segundo maior player de hospitais do Brasil; e assessorou a Cruzeiro do Sul na compra da FAPI por R$ 184 milhões.
O banco também assessorou a Light na aprovação de seu plano de recuperação judicial, e a Auren na compra da Esfera Energia.
O ROE recorde do trimestre, no entanto, também foi ajudado por uma alíquota de imposto de renda consideravelmente menor que a dos trimestres anteriores.
No primeiro tri deste ano e no segundo tri do ano passado, a BR Partners pagou uma alíquota de 28% e 26,9%, respectivamente. Neste trimestre, a alíquota foi de apenas 10,8%.
Segundo Vinícius, a alíquota menor teve a ver com créditos tributários que a companhia conseguiu aproveitar no trimestre e com um efeito mix.
“A receita com clientes, que é baseada em fees, veio bem mais forte neste trimestre do que a receita com capital, e a receita com clientes tem uma tributação menor,” disse ele. “Além disso, o resultado do veículo banco, que é onde a alíquota pesa mais, foi menor.”
A vertical de tesouraria cresceu 13,4% ano contra ano e 8,4% na comparação sequencial, ajudada pelo mercado primário de dívida mais ativo. “Vimos muitas oportunidades de fazer estruturação de swaps de dívida,” disse Vinicius.
O banco também ampliou seu leque de produtos, começando a atuar com hedges de commodities nos setores de óleo e gás e metais.
Já a gestão de ativos — a vertical que inclui o recém criado wealth management do banco — a receita subiu 164% ano contra ano e 65% em comparação ao primeiro tri. O resultado, no entanto, ainda é muito pequeno: uma receita de apenas R$ 3,4 milhões no trimestre.
A BR Partners adicionou R$ 570 milhões em net new money para a área de wealth e agora tem R$ 3,3 bilhões em ativos sob assessoria.
Outro destaque do trimestre foi a redução da alavancagem do banco, que caiu de 3,5x book para 3,1x. A BR Partners aproveitou o apetite forte do mercado por títulos de crédito para vender alguns dos títulos que ela carregava no balanço, atendendo a demanda dos clientes e, de quebra, levando um spread na operação.
O banco também levantou R$ 160 milhões numa Letra Financeira subordinada de 10 anos, o que deve aumentar ainda mais sua Basileia. O índice que mede a solvência dos bancos fechou o tri em 18,1% e deve subir para mais de 20% com a entrada dos recursos.
A companhia também disse que vai distribuir R$ 31,5 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,30 por unit — um payout de 62% do lucro do trimestre.
A BR Partners vale R$ 1,5 bilhão na B3, com a ação caindo 11% nos últimos doze meses.