A EB Capital — gestora de private equity de Eduardo Sirotsky Melzer — está levantando R$ 2 bilhões para a EB Fibra, seu projeto de consolidação dos provedores regionais de fibra óptica.
Dos R$ 2 bi, a EB Capital levantou R$ 700 milhões junto a investidores institucionais numa oferta 476 e já tem demanda suficiente para levantar mais R$ 500 milhões até o final deste mês, segundo fontes próximas à gestora.
Mas uma parte relevante dos recursos — R$ 800 milhões — acaba de ser captada pela XP junto a 5.500 investidores de varejo. As cotas do FIP são negociadas no mercado de balcão, e o fundo — que cobra o padrão 2%-20% de taxas — tem um prazo de oito anos.
O sucesso da oferta — que atraiu médicos, dentistas e outros profissionais liberais que se enquadram como ‘investidores qualificados’ — mostra como os investimentos alternativos e de baixa liquidez, entre eles o private equity, estão se tornando cada vez mais comuns na carteira da classe média brasileira numa época de Selic nanica. (Investidores qualificados são aqueles com pelo menos R$ 1 milhão em liquidez).
A EB Fibra vendeu a seus investidores sua capacidade de gestão. Pedro Parente, o ex-CEO da Petrobras e BRF e agora sócio da EB Capital, foi nomeado presidente da empresa em abril. Os outros sócios da EB Capital são Fernando Iunes, o ex-banker do Itaú BBA, e Luciana Ribeiro, que fez carreira na RBS.
A tese da EB Fibra é consolidar o mercado altamente pulverizado de provedores de internet no interior do Brasil — mercados onde as gigantes de telecom não penetram. O País tem mais de cinco mil provedores regionais.
Uma fonte próxima da EB Fibra disse que a empresa tem nove aquisições em fase final de due diligence, e algumas devem fechar antes do fim do ano.
A EB Fibra começou em 2018 com a aquisição da Sumicity, que opera no interior do Rio de Janeiro. De lá para cá, o número de assinantes da empresa saltou de 90 mil para 280 mil, levando a E&Y a marcar o investimento a mercado com um retorno médio anual de mais de 60% para os investidores do fundo, segundo pessoas próximas à companhia.
A XP disse a investidores que a TIR anual do FIP deve ser de 25% nos próximos anos.
No final de setembro, a EB Fibra comprou a Mobi Telecom, que tem sede em Fortaleza e atende mais de 150 cidades no Norte e Nordeste do País.
Juntas, Sumicity e Mobi somam um backbone de 50 mil quilômetros de fibra (um dos maiores entre as provedoras regionais) e mais de 450 mil assinantes.
Mas a companhia espera fechar este ano com 800 mil clientes e chegar a mais de 2 milhões antes de 2025, somando crescimento orgânico e aquisições.
As empresas adquiridas ficam debaixo do FIP, mas continuam com gestões independentes. Um time de integração da EB Fibra vai instalar práticas de gestão para extrair as sinergias das empresas do portfólio.
O projeto da EB Fibra acontece num momento em que a covid transformou a banda larga num serviço essencial, e em que outros fundos e empresas também estão tentando consolidar o mercado.
A Vinci Partners, por exemplo, criou a Vero em janeiro do ano passado e já fez dez aquisições de provedores regionais, entrando em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. (Outras três aquisições estão em fase avançada de negociação).
Com 330 mil assinantes, a Vero é um investimento do fundo Vinci Partners III.
A Vero também quer consolidar pequenas cidades do interior, mas a grande diferença em relação à EB Fibra é que a Vinci já integrou todas as empresas num mesmo CNPJ — com uma marca, gestão e balanço unificados. A operação é tocada por Fabiano Ferreira, que trabalhou 15 anos na GVT, dois na Telefônica e outros dois na TIM.