A Enauta acaba de anunciar a venda de 20% dos campos de Atlanta e Oliva para a americana WAO — uma transação que vai colocar US$ 302 milhões no caixa da empresa e reduzir seus riscos com o projeto.
O valor da transação implica um valuation de US$ 1,5 bilhão para os dois campos, exatamente o mesmo valor que a Enauta vale hoje na Bolsa.
Em outras palavras: é como se o mercado estivesse atribuindo zero valor aos campos de Uruguá-Tambaú, Manati e BS-10, que juntos produzem 17 mil barris de óleo por dia.
Além da venda da participação nos dois campos, a Enauta tem uma opção de venda para a WAO de 20% da AFBV, por US$ 65 milhões. A AFBV é uma subsidiária da companhia que detém apenas créditos de longo prazo contra a Yinson — referentes ao FPSO de Atlanta — que somam US$ 328 mi.
Quando fechou o contrato de afretamento com a Yinson, a Enauta fez o capex do navio, mas fechou um acordo para ir descontando o valor que pagou do custo que paga de afretamento.
Dos US$ 272 mil/dia que a petroleira vai pagar de afretamento, cerca de US$ 70 mil/dia serão descontados, reduzindo essa dívida.
“Sem o AFBV, o lifting cost da Enauta é na casa dos US$ 12,7 por barril. Com o AFBV, esse lifting cost cai para uns US$ 10,” disse uma fonte próxima à companhia. “Então, na prática, se a WAO optar por exercer a compra do pro rata nessa subsidiária, a WAO vai ter uma geração de caixa maior ao longo do tempo.”
Considerando o valor do AFBV, o valuation dos dois campos subiria para US$ 1,82 bilhões, ou R$ 9 bi, um pouco acima do market cap de R$ 7,4 bi da Enauta.
Renato Reis, um analista de equities da DV Invest que elaborou um modelo para a Enauta, disse que achou o valuation barato mas viu méritos na transação dada a redução do risco para a empresa e o fato da Enauta conseguir antecipar um valor — com a venda da AFBV — que só receberia ao longo de muitos anos.
Depois de consumar essa transação, a Enauta vai passar a uma posição de caixa líquido; no final do ano, ela tinha uma dívida líquida de R$ 649 milhões.
Segundo uma fonte, mesmo depois de todo o capex para a implementação dos sistemas definitivos de Atlanta — basicamente, o FPSO e as novas bombas de extração de óleo que a empresa comprou — ainda sobrariam cerca de US$ 150 milhões de caixa líquido.
“Além de um dry powder relevante para fazer novas aquisições, a empresa vai ter um risco menor, já que vai compartilhar o risco e o capex do projeto de Atlanta com um sócio,” disse ele.
Parte dos recursos também pode ser destinado para a recompra da ação.: a Enauta também anunciou um novo programa para recomprar até 20 milhões de ações, ou 7,5% do capital.
A WAO é uma empresa com sede em Houston que atua no Golfo do México, na América Latina e no Caribe.