A Pague Menos reportou outro trimestre de forte crescimento do ‘same-store sales’, ganho de market share e expansão da rentabilidade — fechando ainda mais o gap de margem e eficiência para seu principal concorrente, a RD Saúde. 

Os números bateram o consenso em todas as linhas do P&L — do bottom ao top line

No segundo tri, a segunda maior rede de drogarias do País fez um ‘same-store sales’ de 18,1%, cinco vezes a inflação do período, enquanto o consenso dos analistas era de 16,8%. Este é o sexto trimestre consecutivo de aceleração do SSS. 

A receita bruta veio ligeiramente acima: R$ 3,975 bi versus R$ 3,941 bi. 

Já a margem EBITDA veio em 6,1%, em comparação aos 5,8% do mercado, enquanto o lucro líquido ajustado ficou em R$ 60 milhões, comparado à projeção do sellside de R$ 45 mi. 

A forte expansão fez a Pague Menos ganhar share em todas as regiões do Brasil, com destaque para o Nordeste, onde ganhou 109 basis points para 20,6% de share. No Brasil, o share subiu de 6,2% há um ano para 6,6%. 

O resultado também aproximou a Pague Menos do benchmark do setor, a RD Saúde – dona das marcas Raia e Drogasil – que opera com uma margem EBITDA ao redor de 7% e uma venda média por loja de R$ 1,1 milhão. A Pague Menos teve venda média por loja de R$ 800 mil no trimestre.

O CEO Jonas Marques disse ao Brazil Journal que o forte crescimento do SSS teve a ver com o foco que a empresa tem dado ao atendimento de pacientes de cuidado contínuo.

Jonas marques

“Fizemos uma revisão de sortimento, porque esses clientes precisam ter a receita atendida de forma completa,” disse Jonas. “Em geral, eles compram medicamentos num mix de 3 a 4 caixas para ter desconto. Então nas lojas que eles compram, não pode faltar esse produto.”

Além disso, a companhia tem trabalhado na melhora da qualidade do atendimento e na gestão dos indicadores de cada loja, com a implementação de sistemas de telemetria. 

“Conseguimos acompanhar em tempo real a performance de todas as lojas e tomar ações mais rápidas para mudar o que precisa,” disse o CEO. “Em lojas que estavam com EBITDA negativo conseguimos reverter os resultados em seis meses com o uso da telemetria.”

Jonas disse que a expectativa da companhia é manter esse patamar de crescimento do SSS para os próximos trimestres, e que o mês de junho já veio “muito forte.”

Já a melhora do EBITDA teve a ver com o crescimento da receita, que gera uma diluição das despesas, mas também com um controle forte dos custos. 

“Fizemos um trabalho forte de ‘cabeça de dono’, para que os gerentes passem a gastar o dinheiro como se fosse deles. Eles começaram a revisar todas as contas e também fizemos vários ‘bids’ para a compra de serviços, transporte e comunicação, o que gerou reduções importantes de despesas também.”

Jonas disse que todas essas medidas têm gerado um aumento substancial do ROIC da empresa, que estava em 14,7% no primeiro tri do ano passado e agora saltou para 22,9%. 

Do lado negativo, a Pague Menos teve um consumo de caixa de R$ 60 milhões no trimestre, que se explica em grande parte pelas despesas com a dívida, que consumiram R$ 80 milhões no período. 

A companhia também tem consumido mais seu capital de giro por conta do forte crescimento que tem entregado. 

A Pague Menos tem uma dívida líquida de R$ 1,4 bilhão e alavancagem de 2,6x EBITDA, considerando os recebíveis. Mesmo com o consumo de caixa, a companhia conseguiu reduzir a alavancagem em 20 bps no trimestre por conta da expansão do EBITDA. Há um ano, o indicador estava em 3,4x.  

No trimestre, a Pague Menos abriu apenas 9 lojas, que se somam às outras 16 que ela já havia aberto no primeiro tri. A meta para o ano é abrir 50 lojas, o equivalente a cerca de 1% de seu parque total.