Preocupado com Bolsonaro?
Marina não te excita?
Lula na cadeia altera o quadro?
Para saciar o interesse por política nacional, as editoras estão investindo em títulos que vão chegar às livrarias antes que você consiga dizer in-go-ver-na-bi-li-da-de.
Presidencialismo de Coalizão, do cientista político Sérgio Abranches, sai em agosto pela Companhia das Letras. Antes de se tornar um livro, a expressão voltara à moda nas análises sobre o impeachment de Dilma.
Abranches é o pai da expressão, que apareceu pela primeira vez num artigo de sua autoria em 1988, o ano da Constituição que estabeleceu um regime presidencialista cuja governabilidade depende do Brasil manter o PMDB satisfeito.
Em meados do ano passado, o PSDB atualizou a expressão em seu polêmico programa na TV, dizendo que, nos governos petistas, ‘coalizão’ virou ‘cooptação’.
Além do livro de Abranches, o editor Luiz Schwarcz aposta em outros dois títulos políticos na reta até as eleições.
Na tese ‘follow the money’, o mestre em economia e doutor em direito Bruno Carazza, autor do blog “O E$pírito das Leis”, esmiúça as engrenagens do sistema político brasileiro em Dinheiro, Eleições e Poder, que a Companhia lança em julho.
Carazza cruzou um grande volume de dados de doações de campanhas com a tramitação de projetos e votações e depoimentos da Lava Jato para demonstrar o que hoje parece óbvio: o sistema político frequentemente favorece os interesses privados sobre o público. O autor mostra que, de 1994 a 2014, as doações quintuplicaram, atingindo R$ 5 bilhões. No caixa dois, só a Odebrecht movimentou mais de R$ 10 bi durante o governo do PT.
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Pouco antes de ser preso, o ex-presidente Lula declarou que não era mais um ser humano, mas ‘uma ideia’. Na academia, essa ideia se chama Lulismo, termo cunhado por André Singer para explicar a política promovida pelo ex-presidente de buscar transformações sociais sem confrontar a ordem econômica estabelecida.
Adoradores adorarão, e haters gonna hate, mas, enquanto diagnóstico, a tese do cientista político e ex-porta-voz de Lula já teve aceitação fora dos círculos petistas.
Em Lulismo em Crise – um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016), que a Companhia lança na próxima quarta-feira, Singer argumenta que as forças representadas por PT, PSDB e PMDB gravitam no sistema partidário brasileiro desde 1945. Pela sua leitura, não é de hoje portanto que “a oposição entre um partido popular e um partido de classe média seria mediada por um partido do interior, essencialmente clientelista e disposto a desestabilizar a democracia para defender seus próprios interesses”.
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Não importa sua posição no espectro político, uma coisa é certa: você foi enganado. E já faz tempo.
Os jornalistas Chico Otávio (O Globo) e Cristina Tardáguila (Agência Lupa, de ‘fact checking’) reviraram 100 anos de história da política nacional e descobriram inúmeros casos de mentiras, omissões, exageros e contradições que marcaram a vida política brasileira e que foram utilizadas para obter vantagens pessoais e derrotar adversários. Você foi Enganado sai em setembro pela Intrínseca e é uma espécie de compêndio de fake news: há desde falsas cartas atribuídas ao presidente Artur Bernardes em 1921, talvez o primeiro fake news da história política nacional, a episódios mais recentes dos governos FHC a Dilma.
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Em O Voto do Brasileiro, o cientista político Alberto Carlos Almeida faz um mergulho em uma infinidade de dados das últimas eleições no Brasil, compara com outros seis países e conclui que o brasileiro vota de forma muito previsível: alternando entre forças de centro esquerda (PT) e centro direita (PSDB). Para este ano, o autor acredita que as mesmas forças estarão em jogo.
“Não estou dizendo que isso não pode mudar, mas leva muito tempo”, diz Almeida, confiante de que vamos assistir a um segundo turno entre o candidato tucano Geraldo Alckmin e o candidato a ser apoiado pelo PT.
Recheado de estatísticas, gráficos e mapas, O Voto do Brasileiro tem edição bilingüe (o título em inglês é The Brazilian Presidencial Election), mirando a sede de informação de investidores estrangeiros pelo pleito nacional. O título, da Editora Record, já chegou às livrarias.
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O jornalista Vladimir Netto, autor de “Lava Jato – O juiz Sérgio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”, também conhecido como o livro que inspirou a série ‘O Mecanismo’, prepara a continuação da saga.
Assim como o primeiro título, que narra os dois primeiros anos da operação, Lava Jato (parte 2) está sendo escrito no calor dos acontecimentos.
Lançado em 2016, Lava Jato foi o livro de não-ficção mais vendido naquele ano. A continuação ainda não tem data de lançamento, mas a previsão da Sextante é para o segundo semestre.