Um ano atrás, o Itaú BBA colocou um ‘buy’ no Grupo SBF prevendo que a varejista de esportes viveria um momento positivo, com a Copa do Mundo turbinando as vendas.
No final, aconteceu justamente o oposto.
A dona da Centauro e da Nike Brasil entregou um crescimento abaixo do esperado no segundo semestre do ano passado, e suas margens ficaram pressionadas com o aumento nos investimentos que ela fez, prevendo vendas mais fortes, que não se materializaram.
O resultado: em abril, depois da divulgação dos números do quarto trimestre, o papel atingiu seu low histórico, a R$ 7,10.
Agora, o Itaú BBA acha que o papel está num bom ponto de entrada — e que a companhia vai começar a ganhar momentum.
O banco está mantendo sua recomendação de compra e elevando o preço-alvo da ação para R$ 22, um upside potencial de 71% — um dos maiores da cobertura de varejo do banco.
“Parece que o pior já ficou para trás e que podemos esperar uma perspectiva mais positiva para a ação, que está negociando com um desconto material em relação a seus múltiplos históricos,” escreveu o analista Thiago Macruz.
Nas contas do Itaú, o Grupo SBF negocia a 14x o lucro estimado para este ano e a 9x o do ano que vem, um desconto de 57% em relação à média histórica.
O analista nota que no primeiro trimestre o Grupo SBF focou em rentabilidade e teve poucas promoções, o que fez a margem bruta subir 3,8 pontos.
Essa melhora, no entanto, veio a um custo. As vendas digitais da Centauro caíram 30% e o nível do estoque subiu 16% na comparação trimestral e 72% na anual — contribuindo para uma queima de caixa operacional de R$ 286 milhões.
Para o segundo trimestre, o analista continua esperando tendências fracas. “O trimestre deve ser marcado pelos esforços de focar em rentabilidade, mas dado o aumento do estoque no primeiro tri, estamos mais conservadores sobre as vendas e lucro.”
O Itaú espera um aumento de apenas 1% nas vendas na comparação anual e uma pressão de 1 ponto na margem bruta, já que “a companhia tem sido bem vocal que os ganhos de rentabilidade do primeiro tri ultrapassaram o equilíbrio ótimo de preço e volume.”
A partir do terceiro tri, no entanto, as coisas devem começar a melhorar, diz o banco.
“A base de comparação fraca deve turbinar a performance da ação e vemos a empresa exposta a alguns ‘low-hanging fruits’ (especialmente na marca Centauro); sólidas iniciativas de crescimento (especialmente na Fisia, a operção da Nike Brasil); e tendências melhores de capital de giro, já que o efeito dos ajustes de inventário devem começar a aparecer,” escreveu Macruz.
Na marca Centauro, o Itaú cita três fontes de upside.
A primeira é a melhora do sortimento das lojas, já que hoje a marca Centauro tem um alto nível de ruptura nos produtos que são best sellers das lojas. A segunda é melhorar o layout das lojas. Por fim, a empresa poderia otimizar a força de vendas das lojas, melhorando a eficiência.
“Acreditamos que a companhia vai surfar um ponto de inflexão no segundo semestre, e o múltiplo de 9x lucro faz essa história ter uma das melhores assimetrias de risco-retorno do varejo hoje,” escreveu o analista.
“Vemos o preço atual como um bom ponto de entrada para investidores buscando aumentar sua exposição a histórias de crescimento. Nesse preço, damos um voto de confiança para a execução do management nos próximos 12 meses.”