Poucas horas depois que uma proposta de fusão com a Aliansce Sonae se tornou pública, a BR Malls rejeitou a abordagem, dizendo que a proposta subavalia “consideravelmente” o valor justo da companhia.
Mas ao recusar a proposta por unanimidade, o conselho da BR Malls não fez menção a continuar independente, aparentemente mantendo a porta aberta para uma eventual transação.
Analistas e gestores estão lendo a resposta como um convite para outros players enviar propostas — ou para que a Aliansce pague pra cima.
“Isso não foi uma proposta de fusão, foi uma tentativa de compra,” disse uma pessoa próxima da negociação pelo lado da BR Malls. “A prova disso é que os principais acionistas da Aliansce pretendem continuar exercendo o controle de fato da companhia.”
Como parte da transação, a Aliansce propôs aumentar seu board atual de sete para nove membros, com a Aliansce ficando com quatro assentos.
A empresa ofereceu pagar R$ 1,35 bilhão em dinheiro aos acionistas da BR Malls — quase 20% do valor de mercado atual — além de uma troca de ações na qual os acionistas de cada lado ficariam com 50% da empresa combinada.
Mais: a Aliansce disse que a troca de ações ao preço de tela embute um prêmio para os acionistas da BR Malls porque a ação da BR Malls negocia hoje a um múltiplo 13% maior que o da Aliansce.
Para a BR Malls, isso não existe. “‘Prêmio’ é sobre o preço de mercado, e não sobre o múltiplo,” disse a fonte envolvida nas negociações.
Usando números de 2019, o último ano antes da pandemia, a BR Malls diz que seu portfólio teve uma venda por metro quadrado 14% maior que o da Aliansce, e que seu aluguel também era superior ao da ofertante (R$ 101/metro x R$ 86).
“A Aliansce quer comprar a BR Malls, mas para isso, terá que pagar prêmio,” disse um acionista da empresa.
A dança está só começando.