As fabricantes chinesas de veículos vão conquistando mercado ao redor do mundo; a BYD, por exemplo, acaba de superar a Tesla na Europa pela primeira vez como a marca de EVs mais vendida.
Mas a competição também é acirrada dentro do próprio mercado chinês.
Para consolidar sua liderança e queimar estoques de modelos mais antigos, a BYD anunciou na sexta-feira que dará um desconto de até 34% nos preços de 22 modelos até o final de junho.
O Seagull, o carro mais vendido na China, agora sai por 55.800 iuanes (cerca de US$ 7.800), uma redução de 20%. Já o sedã híbrido Seal vai ficar 34% mais em conta, saindo por 102.800 iuanes (US$ 14.300).
No Brasil, o Seagull ganhou o nome de Dolphin Mini, e é vendido por R$ 120 mil (pouco mais de US$ 20 mil).
Segundo um relatório do Citi, o movimento nas concessionárias da BYD teria aumentado entre 30% e 40% no fim de semana, depois do anúncio da promoção.
A agressividade na promoção causou um pequeno estrago nas ações das montadoras chinesas listadas em Hong Kong. Na opinião dos analistas, a concorrência também terá que remarcar os preços, em um mercado onde as margens são historicamente apertadas.
A BYD caiu 8,6% na sessão desta segunda-feira, depois de ter alcançado seu all-time high na semana passada. A Great Wall Motor (GWM), uma das principais concorrentes da BYD, cedeu 3%, e a Geely perdeu 7,3%.
O mercado automotivo chinês passa por uma desaceleração, reflexo da própria freada na economia. O total de carros nos estoques está em 3,5 milhões de unidades, o equivalente a 57 dias de vendas, de acordo com a Bloomberg.
Enquanto isso, no também disputado mercado europeu, a Tesla vai ficando para trás – em parte por causa do boicote a Elon Musk e em parte por causa da maior presença das chinesas no continente.
Em abril, a BYD superou pela primeira vez a Tesla, com mais de 53 mil veículos vendidos na Europa – uma alta de 121% em relação ao mesmo mês de 2024.
A chinesa, além de preços mais competitivos, oferece uma gama mais variada de carros – incluindo modelos híbridos, ao contrário da Tesla, que produz apenas carros 100% elétricos.
No mundo, as vendas da BYD já superam US$ 100 bilhões ao ano. Em unidades, a chinesa ultrapassou a Ford e Honda no ano passado, produzindo mais de 4 milhões de veículos e subindo ao terceiro posto global – atrás apenas de Toyota e Volkswagen. Para 2025, a meta é entregar 5,5 milhões de unidades.
Em market cap, a BYD aparece em terceiro lugar entre as maiores do setor, com US$ 175 bi. A Toyota vale US$ 234 bi, e a Tesla, US$ 1,1 trilhão.
A sueca Volvo, controlada pela chinesa Geely e uma das líderes na transição para elétricos entre as montadoras tradicionais, sentiu o impacto da competição mais acirrada e das tarifas de Donald Trump e anunciou hoje o corte de 3.000 funcionários, cerca de 15% da mão de obra.
“A indústria automotiva passa por um momento de grandes desafios,” disse o presidente e CEO da empresa, Håkan Samuelsson.