A Polígono Capital — a joint venture entre o BTG Pactual e a Prisma que comprou os fundos da Captalys — está investindo R$ 250 milhões num FIDC da Vivo Money, a vertical de crédito da operadora de telecom.
Esses recursos serão investidos ao longo dos próximos 24 meses conforme a Vivo for originando novos empréstimos para o fundo.
A expectativa, no entanto, é consumir os recursos num prazo menor, o vp de estratégia e novos negócios da Vivo, Ricardo Hobbs, disse ao Brazil Journal.
“Não existe pressão e tem que ser feito nos melhores parâmetros de risco/retorno, mas acho que deve ser mais rápido que isso, dado que vamos acelerar a nossa originação,” disse o executivo.
A Vivo Money tem hoje uma carteira de crédito de R$ 275 milhões, cujos empréstimos foram feitos com capital próprio. Por mês, a companhia está originando uma média de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões.
Segundo Hobbs, a Vivo optou por começar o negócio de crédito com capital próprio, há dois anos, para testar e afinar seus modelos de crédito, que foram desenvolvidos do zero dentro de casa. Agora que a máquina está azeitada, ela decidiu trazer investidores.
“Como temos muitos dados dos nossos clientes, por exemplo, do padrão de uso do celular deles, conseguimos fazer uma avaliação de risco melhor,” disse o executivo. “Passamos por um momento bem conturbado do mercado e conseguimos manter uma relação prudente de taxa de perda e taxa de juros, e com um nível de rentabilidade bem aceitável.”
A Vivo não abre a taxa de inadimplência de sua carteira, mas Hobbs diz que o número colocaria a Vivo Money no primeiro quartil do mercado.
Outra vantagem da Vivo Money é que a operação tem um CAC (custo de aquisição de cliente) muito baixo se comparado ao das fintechs tradicionais.
Isso acontece porque boa parte da originação vem dos canais proprietários da empresa — as lojas físicas e online. A Vivo tem mais de 70 milhões de clientes pagantes, dos quais 22 milhões entram todos os meses no aplicativo da empresa.
“Tipicamente essas fintechs tradicionais compram mídia nas redes sociais e Google e gastam uns R$ 100-R$ 150 por conversão de cliente. Nosso custo é virtualmente zero, é só o custo de oportunidade,” disse ele.
Parte da expansão da Vivo Money virá de novos produtos: a empresa pretende lançar um produto de antecipação de FGTS, entrar em crédito consignado e em empréstimos colateralizados. Para financiar essas novas ofertas, a Vivo deve levantar novos FIDCs.
Além da Vivo Money, a operadora tem outros serviços financeiros no portfólio, incluindo uma conta digital, um cartão de crédito em parceria com o Itaú e seguros de celular e bicicletas.
Segundo Hobbs, todos esses produtos serão unificados debaixo de um mesmo guarda-chuva, que vai se chamar Vivo Pay.
“O cliente vai poder pagar com Pix, usar o cartão de crédito virtual, fazer a recarga do pré-pago e pegar empréstimos, tudo no mesmo lugar. E ele vai ter o benefício do ‘Gigaback’: para cada ação que ele fizer na wallet ele vai acumular gigas, com um limite de 20 gigas por mês,” disse ele.
No segundo trimestre, esses serviços financeiros já geraram uma receita de R$ 95 milhões para a Vivo, com os empréstimos respondendo pela maior parte do montante.
A aposta em serviços financeiros faz parte da estratégia da Vivo de diversificar sua fonte de receitas para além da telefonia. Entre outras iniciativas, a companhia investiu recentemente numa JV com a Ânima e fechou a compra da Vale Saúde.
O movimento vai em linha com a estratégia de outras telcos globais cujos resultados têm validado a tese.
Na África do Sul, a MTN — a líder de mercado — está trabalhando num carveout de sua unidade de serviços financeiros que pode avaliar o negócio em mais de US$ 5 bilhões. Na Arábia Saudita, a STC (Saudi Telecom Company) criou uma vertical que também tem reportado resultados robustos, com mais de 8 milhões de clientes.
“Essa receita de R$ 95 milhões é uma parte ínfima do mercado e do potencial que temos para capturar. É um negócio de muito crescimento e que tem um potencial enorme de criar valor para a companhia,” disse Hobbs.