O Wal-Mart fez na semana passada sua quarta aquisição de um site de e-commerce em seis meses, reforçando a tese de convergência entre o varejo online e o offline e preenchendo lacunas para competir melhor com a Amazon.

Desta vez, o gigante de Bentonville comprou a ModCloth, um site de roupas, sapatos e acessórios para mulheres na faixa de 18 a 35 anos, mas que tem um carinho especial pelas clientes mais curvilíneas, que dificilmente encontram seu tamanho nos varejistas tradicionais.

A cruzada digital do Wal-Mart começou em agosto, quando a empresa comprou o Jet.com por US$ 3,3 bilhões, a maior aquisição de uma startup de e-commerce nos EUA.

Na época, a The Economist notou que um dos apelos do Jet.com era seu algoritmo de preços em tempo real, “que instiga os clientes com preços mais baixos se eles adicionarem mais itens à sua cesta. O algoritmo também identifica quais fornecedores do Jet.com estão mais próximos do consumidor, minimizando os gastos com frete e permitindo que eles ofereçam descontos.” O plano do Wal-Mart era integrar o algoritmo do Jet.com com o seu próprio.

O fundador do Jet.com, Marc Lore, tornou-se CEO de e-commerce do Wal-Mart e, de lá pra cá, passou a oferecer frete gratuito para quem compra online (entrega em dois dias) e unificou as compras de mercadorias que são vendidas tanto em suas lojas físicas quanto em seus sites, eliminando a redundância. (Produtos vendidos apenas online continuam a ter um time próprio de compras.)

Lore foi um dos fundadores da Quidsi, uma holding de sites B2C como Diapers.com e Soap.com.  No caso da Quidsi, a Amazon chegou na frente e comprou a companhia por US$ 545 milhões em 2010 — mais ou menos um ano depois de ter comprado o site de calçados Zappos por US$ 1,2 bilhão.

Segundo a Reuters, o e-commerce do Wal-Mart hoje responde por apenas 3% do seu faturamento, mas a companhia prevê crescer de 20% a 30% no canal online no segundo semestre deste ano. 

No fim de dezembro, a companhia criada por Sam Walton pagou US$ 70 milhões pelo ShoeBuy, fundado em 1999 e um dos primeiros a vender sapatos, roupas e acessórios online. E, mês passado, pagou US$ 51 milhões pelo Moosejaw, que vende marcas de outdoors como Patagonia e The North Face, além de ter 10 lojas físicas.

Roupas e acessórios são a maior categoria de produtos vendidos online, segundo a consultoria comScore.

Numa reunião com investidores há alguns dias, o CEO do Wal-Mart, Doug McMillon, disse que “a busca por maior sortimento é o que está por trás de muitas destas aquisições.”

“Podemos pegar algumas destas companhias — que são ótimas em termos de sortimento e do serviço que oferecem, mas que não têm tanto caixa para queimar — para vender suas marcas e lhes dar escala,” McMillon disse aos investidores, segundo a CNBC.

O sortimento online do Wal-Mart pulou de 8 milhões de itens no início do ano passado para mais de 20 milhões no fim do ano; já a Amazon vende mais de 300 milhões de produtos.

Mas, junto com os sites, o Wal-Mart também está comprando talento e inovação.  Os mais de 300 funcionários da ModCloth vão se juntar ao time de e-commerce do Wal-Mart, e o site continuará a ser operado independentemente. O mesmo acontece com o Shoebuy, cujos mais de 200 funcionários estão sendo incorporados, e com os 350 funcionários do Moosejaw.