Pesos-pesados do mercado de fast food se uniram ao fundador da GetNet, José Renato Hopf, para criar uma empresa de software as a service que quer ajudar restaurantes e bares a gerenciar melhor seus pedidos online — desenrolando nós operacionais e logísticos.
A nova empresa — batizada de Quiq — tem como sócios nove grupos econômicos donos de marcas icônicas no mercado de alimentação. A lista inclui nomes como McDonald’s, Domino’s, Outback, Giraffas, Rei do Mate, Spoleto e Bob’s.
O Quiq é uma plataforma B2B4C — um negócio que existe para ajudar outras empresas mas que acaba beneficiando o consumidor final, sem que ele tenha interface com a plataforma.
A missão é resolver problemas do dia-a-dia dos operadores de restaurantes: da pizza que chega fria no delivery ao prato que você pediu e o restaurante não tinha.
“Nós fomos pra dentro da cozinha dos nossos parceiros para entender os problemas que eles enfrentam, e olha… você acaba tendo pena até dos gigantes!” José Renato disse ao Brazil Journal.
O Quiq se integra a todos os marketplaces, permitindo que o dono do restaurante ou o franqueado faça o upload do seu cardápio em apenas uma plataforma — o que também facilita fazer mudanças. “Quando a pizza calabresa acaba, o gerente tem que ir em 3-4 marketplaces ao mesmo tempo para remover aquele item,” diz José Renato.
A plataforma — que está em beta e será lançada comercialmente ainda este mês — também vai ajudar os restaurantes a lidar com as chamadas ‘exceções’: quando o cliente pede o hambúrguer “sem picles”, o filé “mal passado” ou… “tira a batata frita.”
Esses pedidos de modificação atingem de 10% a 40% das ordens dependendo do restaurante, mas as plataformas de delivery encaminham essas exceções de forma complicada, e a forma de resolver varia de uma para outra.
Outra vantagem: os restaurantes que adotarem o Quiq vão ter dados sobre o consumidor final que hoje ficam apenas com os marketplaces. E dados, em 2021, são o novo ouro.
O Quiq também criou uma infraestrutura que vai permitir que qualquer instituição financeira ou ‘super app’ crie um botão de delivery no seu aplicativo — integrando-se automaticamente ao cardápio de todos os restaurantes que habilitarem esse módulo.
Um app como o PicPay, por exemplo, poderia começar a oferecer delivery para seus mais de 50 milhões de clientes — competindo de igual para igual com os iFoods e Rappis da vida.
O Quiq — que vai custar de R$ 50 a R$ 200 por mês dependendo do número de módulos e do suporte contratado — é fruto de dois anos de trabalho da 4All, a venture builder que José Renato fundou em Porto Alegre.
Da ideia à concepção, o Quiq acabou vendo seu mercado endereçável explodir durante a covid.
Antes da pandemia, 150 mil bares e restaurantes trabalhavam com delivery no Brasil; agora são mais de 400 mil, de um total de 1 milhão de estabelecimentos do tipo.
“Ouvi de um dos nossos parceiros: ‘Eu preciso que o meu produto chegue em 11 minutos — da cozinha até a casa. Se chegar depois disso, eu vou perder qualidade.’”
Para resolver esse problema, o Quiq criou um módulo de gestão logística com uso de geolocalização.
“Se o pedido vai ficar pronto daqui a 20 minutos, eu posso fazer o motoboy chegar ao restaurante no momento exato em que o prato ficar pronto,” disse José Renato.
Todos os grandes aplicativos de entrega já usam geolocalização em seus serviços de logística — mas só da porta do restaurante pra fora. A sacada do Quiq foi sincronizar o que acontece dentro da cozinha com a entrega, evitando que o motoboy tenha que fica esperando na loja.
O Quiq nasceu com o investimento dos sócios, mas já está em conversa com investidores financeiros para levantar uma rodada Série A que vai acelerar seu crescimento.
A startup já começa integrada a 5 mil restaurantes — boa parte, lojas dos sócios — mas em três anos a meta é chegar a 60 mil, quase 10% do mercado brasileiro.
O próximo capítulo: adaptar a tecnologia a mercados na Europa e EUA.