A Multiplan fechou hoje a compra de 50,1% do Diamond Mall em Belo Horizonte por R$ 250 milhões a serem pagos em três anos.
A transação eleva a quase R$ 1 bilhão o valor gasto pela Multiplan na compra de participações em shoppings de seu portfólio apenas nos últimos 11 meses.
A compra do controle do Diamond – o segundo shopping mais rentável da companhia, atrás apenas do Morumbi – consolida a dominância da Multiplan na capital mineira, onde também é dona do BH Shopping e do Pátio Savassi.
O negócio anunciado hoje vem no momento em que a ação da Multiplan bate novas máximas históricas, ajudada pelo rali que abraçou o mercado brasileiro nas últimas semanas.
Em retrospecto, os preços de hoje mostram que o fundador José Isaac Peres soube aproveitar a incerteza que se seguiu ao impeachment para dobrar a aposta nas melhores propriedades do portfólio da companhia. Desde outubro, a Multiplan aumentou sua participação no Morumbi, Barra Shopping e no Barigüi.
O Diamond é o único shopping em que a companhia não detinha participação acionária direta. A Multiplan tem um contrato de arrendamento de 30 anos com o Clube Atlético Mineiro, dono do terreno, e que vencia em 2026. Com a compra, a Multiplan estendeu a concessão por mais quatro anos até 2030, e de quebra garantiu a sociedade com o clube após o fim do contrato.
Nas últimas semanas, as negociações pelo Diamond ocuparam mais as páginas esportivas do que as de negócios: a transação faz parte da engenharia financeira feita pelo Atlético Mineiro para erguer seu próprio estádio, orçado em R$ 410 milhões. Além da venda do shopping, os recursos virão de um contrato de naming rights de R$ 60 milhões com a MRV Engenharia.
O clube abriu um processo competitivo para a venda do shopping. Recebeu apenas outra oferta, da Vinci Partners, que avaliava o ativo inteiro em R$ 220 milhões.
A comparação entre as duas ofertas, no entanto, seria inadequada. A Multiplan alavancou sua posição como operadora do empreendimento: além da participação societária a partir de 2030, conseguiu uma extensão do contrato e a redução do arrendamento pago ao Atlético por sete anos.
O contrato original, assinado em 1996, dava à Multiplan o direito a 90% das receitas do Diamond. Em troca, a companhia paga uma taxa de 15% desse valor ao Atlético Mineiro – ou seja, na prática, embolsa 76,5% do faturamento.
O contrato valeria até 2026, e partir de então, a Multiplan precisaria devolver o ativo.
No negócio anunciado hoje, tudo continua como está até 2022. De 2023 a 2030, a taxa paga para o Atlético caiu de 15% para 7,5% das receitas – dando à Multiplan 83,25% do faturamento. A partir de 2030, a empresa vira oficialmente sócia majoritária do empreendimento, recebendo 50,1%.
No período de 12 meses encerrado em junho de 2017, o Diamond registrou vendas totais de R$ 28.800 por metro quadrado, a segunda maior venda por metro quadrado do portfólio da Multiplan no período. No final de junho, a taxa de ocupação era de 98,7%, um ponto percentual acima da média do portfólio.