A Localiza acaba de comprar as operações da Hertz no Brasil por R$337 milhões em dinheiro, e celebrou um acordo pelo qual passará a usar a marca americana no Brasil nos próximos 20 anos, renováveis por mais 20.
A transação não envolve a troca de participação societária.
“Já estávamos conversando com a Hertz sobre isso desde 2014,” o CEO da Localiza, Eugenio Mattar, disse ao Brazil Journal. “Depois eles trocaram o CEO e nós tivemos que parar o processo, mas depois voltamos a conversar. Como essa é uma aliança de longo prazo, foi tudo muito conversado entre as partes, para verificarmos o comprometimento.”
Este é o primeiro movimento estratégico da Localiza em muitos anos, e vem num momento em que seus dois concorrentes tentam ir para a Bolsa.
A Movida acaba de anunciar planos para um IPO, e a Unidas, que vendeu parte de seu capital para a americana Enterprise, tem os mesmos planos. Até agora, no entanto, ambas empresas tem mostrado um retorno sobre o capital investido abaixo de seu custo de dívida. No ano passado, a Localiza estudou a compra da Unidas, mas não houve acordo.
A Hertz tem 9.200 carros no Brasil (3.700 no negócio de gestão de frotas e 5.500 carros de aluguel), além de uma rede de 42 agências próprias. (A Avis, outra americana, é menor que a Hertz).
A Localiza tem 120.000 carros e 494 agências no Brasil (333 são lojas próprias).
O acordo de ‘co-branding’ inclui a utilização da marca combinada ‘Localiza Hertz’ no Brasil e a utilização, pela Hertz, da marca ‘Localiza’ nos principais aeroportos dos Estados Unidos e Europa, considerados destinos de entrada de clientes brasileiros. Um outro acordo — o ‘referral agreement’ — estabelece as regras de intercâmbio de reservas entre a Localiza e a Hertz.
A transação, que está sujeita à aprovação do CADE, também inclui o intercâmbio de novas tecnologias, know-how e executivos entre as duas companhias.
Segundo Mattar, as duas empresas ainda vão conversar sobre estender o acordo para a América do Sul.
A Localiza vai se reunir com investidores amanhã em São Paulo para explicar a operação.
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PS: Enquanto Brasília chafurda, o setor privado gera valor.