Em meio à competição crescente nos serviços de delivery, o IPO vai sinalizar se um novo modelo de negócios está no ponto para ser servido. Mezzo iFood, mezzo Dollar Shave Club, a Blue Apron une o delivery aos clubes de assinatura: o cliente recebe periodicamente as receitas e seus respectivos ingredientes para cozinhar em casa.
“Só mesmo num país desenvolvido poderia surgir uma empresa que entrega os ingredientes por um preço maior do que você poderia comprar a comida pronta,” observa um investidor de VCs.
Na Blue Apron, apesar de a receita ter crescido quase 10 vezes nos últimos três anos, o prejuízo só cresce. No primeiro trimestre deste ano, a empresa perdeu US$ 52,2 milhões — quase o mesmo prejuizo do ano passado inteiro, que foi de US$ 54,9 milhões. (No fim de março, havia US$ 62 milhões em caixa.)
A empresa oferece dois pacotes: o mais popular, para duas pessoas, entrega três receitas por semana por US$ 59,94. O outro serve uma família de até quatro pessoas, com opção de dois ou quatro pratos semanais, por US$ 69,92 ou US$ 139,84, respectivamente.
Para atrair novos clientes, a Blue Apron dá um desconto; o problema é mantê-los ativos quando a empresa começa a cobrar o preço cheio. Os investimentos em marketing também são altos: no ano passado, chegaram a US$ 144 milhões, ou 18% da receita.
Conseguir o valor de US$ 3 bilhões pretendido pela Blue Apron pode ser mais difícil do que a empresa imagina. A alemã HelloFresh, por exemplo, teve que dar um desconto em sua última rodada de captação, em dezembro. Na ocasião, foi avaliada em US$ 2,2 bilhões – 20% a menos do que 15 meses antes.
O prospecto da oferta — 100% primária — ainda é preliminar, mas os fundadores manterão o controle, com 40% das ações classe B após a oferta (a classe B tem dez vezes o poder de voto das ações classe A que serão oferecidas ao mercado.) Os coordenadores são Goldman Sachs, Morgan Stanley, Citigroup e Barclays.