Uma das maiores corretoras de imóveis comerciais do mundo, a Cushman & Wakefield está buscando uma localização privilegiada, dessa vez na Bolsa.
A empresa entrou ontem com pedido de IPO para tentar capitalizar o bom momento do mercado de propriedades comerciais, que ganhou embalo com o crescimento econômico mundial e os juros baixos.
De acordo com o WSJ, a corretora pretende levantar US$ 1 bilhão, e vai buscar um valuation de mais US$ 5 bilhões.
Fundada em 1917 por dois brokers de Nova York — John Clydesdale Cushman e Bernard Wakefield —, a Cushman é hoje a última das grandes empresas do ramo que ainda tem capital fechado. Sua ação vai ser comparada com a CBRE (antiga CB Richard Ellis) e com a Jones Lang LaSalle, recentemente rebatizada de JLL.
A companhia tem escritórios em 70 países e emprega 48 mil pessoas. O faturamento vem crescendo ano a ano e chegou a US$ 6,9 bilhões em 2017. A CBRE e a JLL faturam, respectivamente, US$ 14,2 bilhões e US$ 7,9 bilhões.
O IPO já era aguardado desde 2015, quando a DTZ, corretora europeia controlada pelo private equity TPG, comprou e fundiu a Cushman a corretoras de Washington e Chicago, numa operação de US$ 3,5 bilhões.
Para comandar a companhia, o TPG trouxe Brett White — um ex-CEO da CBRE que havia deixado a companhia em 2012. O desafio era combinar as três firmas e melhorar as margens para levá-la a Bolsa.
A TPG é pelo menos o quinto controlador da Cushman. Além dos fundadores, a companhia já pertenceu aos Rockefeller, aos japoneses e a um veículo de investimento da família Agnelli, fundadora da Fiat. (Em 2001, os descendentes dos fundadores, John C. Cushman III e seu irmão gêmeo Louis, voltaram para a companhia quando a Cushman comprou uma outra empresa que eles haviam fundado. John III é hoje o chairman da empresa e seu filho, Jeff, é um managing director da Cushman no Silicon Valley.)
A Cushman tem duas linhas de negócios: o business de consultoria — que engloba locação de imóveis, representação de inquilinos, appraisal, intermediação de compra e venda, research e consultoria de investimentos — e o negócio de gestão predial, que emprega cerca de 4 mil pessoas no Brasil.
A Cushman ainda está no vermelho — teve prejuízo de US$ 220,5 milhões ano passado — mas suas margens operacionais melhoraram, saindo de 7% para 10% nos últimos quatro anos; na CBRE, a margem é de 18%.
O timing do IPO é perfeito: as ações da CBRE e da JLL estão próximas de suas máximas históricas.
A Cushman pretende usar os recursos do IPO para reduzir sua dívida, que somava US$ 3 bilhões ao fim de março. A TPG deve seguir como controladora após a operação. O Ontario Teachers’ Pension Plan e a PAG Asia Capital também são acionistas.
O Morgan Stanley é o coordenador líder da operação, que conta ainda com JP Morgan, Goldman Sachs e UBS.
Na foto abaixo, a primeira sede da Cushman & Wakefield: