Um consórcio formado pela Cambuhy Investimentos, a Itaúsa e a Brazil Warrant acaba de comprar a Alpargatas por R$ 3,5 bilhões, uma transação que marca o início do desmonte do império dos irmãos Joesley e Wesley Batista no mesmo dia em que seu maior patrono, o ex-Presidente Lula, foi condenado em primeira instância por corrupção.
A transação coloca a dona de uma das marcas de consumo mais icônicas do Brasil — as sandálias Havaianas — nas mãos de investidores financistas veteranos, e vai agradar a milhares de investidores que esperavam um redesenho da governança corporativa da companhia que, antes dos Batista, era controlada pela empreiteira Camargo Corrêa.
A ação da Alpargatas fechou o pregão em sua máxima histórica (R$ 14,20).
O processo de compra foi liderado pela Cambuhy, uma companhia de investimentos com quatro sócios principais: Pedro Moreira Salles, Marcelo Medeiros, Pedro Bodin e Marcelo Barbará. Os dois investimentos anteriores da Cambuhy são a antiga Parnaíba Gás Natural (PGN), hoje Eneva, e uma participação na Cia. Hering.
A Itaúsa, holding de controle do Itaú Unibanco, ficará com metade das ações que estão sendo compradas, e a Brasil Warrant — veículo de investimentos da família Moreira Salles — ficará com um pedaço da participação da Cambuhy.
Há dois dias, a versão de que as conversas entre as partes haviam sido encerradas circulou amplamente no mercado, mas, como o Brazil Journal reportou ontem, a negociação continuava. O contrato foi assinado há pouco num escritório de advogados em São Paulo.
A troca de controle vai disparar a obrigatoriedade de uma oferta pública pelas ações votantes da Alpargatas — que mal negociam e estão concentradas nas mãos do investidor Silvio Tini.
O escritório Vieira, Rezende, Barbosa e Guerreiro Advogados e o JP Morgan assessoraram os compradores.
O Bradesco BBI e o Bichara Advogados aconselharam os vendedores.