Há exatos 20 anos, a Amazon estreou na Bolsa se autodenominando “a maior livraria da Terra” (Earth’s biggest bookstore).
 
Com a empáfia de um líder de mercado preguiçoso, a Barnes & Noble foi à Justiça, exigindo que a Amazon retirasse a publicidade do ar. 
 
No processo, dias antes do IPO da concorrente, a B&N alegava que a Amazon.com afirmava falsamente ter um estoque e uma seleção de livros ‘muito maior’ do que a Barnes & Noble, que, à época, operava 439 megalojas e outras 569 lojas em shopping centers nos EUA.

“A Barnes & Noble tem um estoque de livros maior que a Amazon, e não há nenhum livro que a Amazon possa obter que a Barnes & Noble não possa”, dizia a empresa no processo, que também alegava que a Amazon “não é uma bookstore de forma alguma… é um ‘broker’ de livros fazendo uso da Internet exclusivamente para gerar vendas para o público.”

No mesmo dia em que entrou na Justiça, a B&N lançou seu site de ecommerce (BarnesandNoble.com) — dois anos depois da Amazon.

 
***
 
Nesta segunda-feira, a Amazon comemora o 20º aniversário de seu IPO.  Seu CFO vai tocar o sino da Nasdaq.
 
A empresa vale US$ 466 bilhões — mais do que qualquer companhia nos EUA (exceto três) e 830 vezes a Barnes & Noble.
 
Em 15 de maio de 1997, as ações da Amazon estrearam a US$ 18 e fecharam a US$ 23,50, dando à empresa um valor de mercado de US$ 560 milhões. 
 
Levando em conta todos os splits de lá para cá, a ação fechou naquele dia a US$ 1,96, e multiplicou por 490 para chegar aos US$ 961,35 do fechamento de sexta.  Os dados são da CNBC.
 
***
 
Depois do apoio de friends & family, o primeiro US$ 1 milhão que Jeff Bezos levantou de investidores para fundar a Amazon veio de 22 investidores, US$ 50.000 cada.  Eles ficaram com 20% da empresa. Outros 40 investidores visitados disseram ‘não’.  Era o fim de 1994, começo de 1995, e a primeira pergunta de todos era: ‘o que é a internet?’
 
***
 
Mas, noves fora o poder disruptivo da internet, qual o segredo?
Numa palestra no início do mês, Bezos descreveu os três princípios que estão na alma da Amazon.
 
“Obsessão com o cliente — em vez de obsessão com a concorrência, obsessão com o modelo de negócios, obsessão com o produto, ou obsessão com a tecnologia. Há várias formas de focar um negócio, e muitas funcionam. Mas eu gosto da obsessão com o cliente, acho que é o melhor princípio.”
 
“Outro princípio é nossa vontade de inventar e de sermos pioneiros.  Isso casa muito bem com ‘obsessão com o cliente’ porque o cliente está sempre insatisfeito. Mesmo quando o cliente acha que está feliz, ele quer algo melhor; ele só não sabe como. Então, ‘obsessão com o cliente’ não é apenas ouvir o cliente, é inventar em nome do cliente.”
 
“Eu peço a todo mundo para não pensar em períodos de dois ou três anos, e sim em períodos de cinco a sete anos. Quando alguém parabeniza a Amazon por um bom trimestre … eu digo, ‘obrigado’. Mas o que estou pensando comigo mesmo é … ‘esse resultado trimestral na verdade foi preparado 3 anos atrás’. Hoje, estou trabalhando num trimestre que vai acontecer [ser publicado] em 2020, não no próximo trimestre. O próximo trimestre, para todos os fins práticos, já está feito e provavelmente já está feito há uns dois anos.  Se você começa a pensar assim, isso muda como você gasta o seu tempo, como você planeja, onde você coloca sua energia, sua capacidade de antecipar pontos cegos.. tudo melhora.  Não é natural para o ser humano, é uma disciplina que você tem que desenvolver.”