Com a ação do Nubank subindo 65% nos últimos 12 meses, o Bradesco BBI e o Santander vieram reiterar que o banco digital não é uma compra.
O Bradesco soltou um relatório reiterando sua recomendação de ‘venda’ para o papel, mas elevando seu preço-alvo de US$ 3 para US$ 4,5 — um downside potencial de 40% em relação ao preço de tela.
Para o analista Gustavo Schroden, o principal detrator da tese de investimento é o valuation.
“Algumas métricas de valuation implícitas no preço atual da ação são muito difíceis de explicar, como um ROE de 47%, um cost of equity de 11,6%, um retention ratio de 16% para o ano que vem e um preço/lucro de 21,3x,” escreveu o analista.
Schroden diz ainda que o valor presente (NPV) das oportunidades de crescimento do Nubank representa hoje 80% do valor total da ação, acima de empresas de tech globais como Google, Meta, Salesforce, Netflix e Amazon.
O Bradesco admite que o Nubank mexeu em alavancas que ajudaram a melhorar a lucratividade de curto prazo.
“No entanto, ainda não vemos sinais claros que possam garantir seu sucesso lançando novos produtos para monetizar sua enorme base de clientes,” diz o relatório. “Tenha em mente que o Nubank ainda tem um número limitado de produtos, apenas dois, na verdade (os cartões de crédito e crédito pessoal), com todos os desafios que ele enfrentou e a relativa estagnação no market share de crédito pessoal.”
O Santander fez um movimento semelhante, mantendo sua recomendação de ‘venda’ para o Nubank e elevando seu preço-alvo para US$ 4, em comparação aos US$ 7,49 que o papel negocia hoje.
O discurso também é bem parecido.
O analista Henrique Navarro disse que vê o Nubank negociando a um price to book de 5,9x, o que sugere um ROE implícito de 64% para 2025, em comparação a estimativa do Santander de 25%.
Além disso, a operação do Nubank é como um “samba de uma nota só,” segundo o Santander.
“As receitas do Nubank vem principalmente de uma única fonte (empréstimos pessoais) e não esperamos que o banco atinja o mesmo nível de diversificação de receita que os bancos incumbentes,” escreveu o analista.
“Comparamos a estrutura do Nubank a de músicas baseadas em melodias de uma nota só. Se essa única nota sair do ritmo, toda a música será impactada.”
Para o Santander, o mercado está aceitando pagar tão caro pelo Nubank porque espera que ele se torne muito maior no futuro.
O banco acha que isso não deve acontecer já que várias dores de crescimento podem se materializar nos próximos anos, como um aumento da inadimplência; custos de funding mais caros, já que o funding do varejo não deve crescer em linha com a carteira de crédito; e um risco crescente de concentração, caso o Nubank cresça seu share em crédito pessoal.
Outro risco do crescimento viria da regulação, “se/quando o Nubank se tornar uma entidade S1 (relevante para o sistema).”