Nem UBER Eats nem iFood.
Na Califórnia, uma pizzaria faz o serviço completo: as pizzas são montadas por robôs, e uma frota de caminhões assa as redondas no caminho da entrega. Quando o cliente abre a porta de casa, é como se abrisse a porta do forno.
A Zume — que inventou esse modelo de “pizza on wheels” — acaba de receber um aporte de US$ 375 milhões do Softbank. As notícias sobre o valuation são meio desencontradas, mas o negócio fundado há pouco mais de três anos já é um unicórnio.
O WSJ fala num valuation de US$ 2,25 bilhões, e o TechCrunch, em US$ 1,5 bilhão. De qualquer forma, o salto é impressionante em relação ao valuation de US$ 170 milhões conseguido na primeira rodada, no começo de 2017.
Nascida em Mountain View, a poucas quadras da sede do Google, a Zume funciona como uma linha de produção.
Por enquanto, quatro robôs fazem o trabalho repetitivo: colocar o molho de tomate na massa, espalhar, colocar a pizza no forno para que seja pré-assada e retirá-la. (Achou impessoal? Cada robô tem um nome: Pepe, Marta, Bruno e Vicenzo.)
O processo ainda conta com gente de carne e osso. São seres humanos de verdade que abrem a massa, e um pizzaiolo tem exatos 22 segundos para espalhar o recheio antes das redondas seguirem para o forno. A ideia é que, ao longo do tempo, cada um dos processos possa ser feito por uma máquina.
O molho do negócio, no entanto, vem na etapa seguinte: as pizzas pré-assadas vão para um caminhão equipado com uma série de fornos que terminam o cozimento ao longo do caminho.
Os veículos têm uma tecnologia capaz de programar os fornos para começarem a funcionar quando o pedido estiver se aproximando do endereço de entrega, além de avisar o motorista qual o próximo destino e quando está na hora de abastecer.
A pizza chega quentinha em casa e em velocidade recorde: o tempo médio de entrega é de 22 minutos.
Enquanto a pizza em si parece não ter muito diferencial — diversas resenhas apontam que o produto é ‘sem gosto’ e que a massa ‘parece um papelão’ —, a tecnologia da cozinha itinerante é onde mora o verdadeiro sabor do negócio (e o que explica o valuation apimentado).
Os caminhões, desenvolvidos em parceira com a Welbilt, uma fornecedora de equipamentos para cozinhas industriais, foram patenteados, e a Zume está pronta para vender a tecnologia para outros restaurantes interessados em utilizá-la. Ao todo, a Zume já tem mais de 1.500 patentes registradas.
Em entrevista ao TechCrunch, Alex Garden, um dos fundadores — que já foi CEO da Zynga, de jogos online —, disse que a cozinha itinerante pode ser adaptada para qualquer tipo de negócio. Ele cita padarias, rosquinhas e até mesmo a indústria de frozen yogurt (onde não seriam necessários fornos, e sim geladeiras) como potenciais clientes.
Além dos veículos, a Zume quer dar ainda toda assistência, baseada em ferramentas de geolocalização e inteligência artificial, sobre o melhor lugar para que os restaurantes instalem suas cozinhas e a tecnologia para prever demanda e manejar estoques.
A ideia é continuar o negócio de pizzas como operadora única, sem franquias ou joint venture, com o nome Zume Pizza — e o plano é expandir sua cozinha, que atende hoje apenas três localidades na Califórnia, para 26 outros pontos nos Estados Unidos. Não há atendimento em loja física, apenas delivery.
A robótica tem invadido a indústria de food service, um negócio em que o custo de mão de obra representa uma das principais linhas de custo, especialmente em países desenvolvidos.
Em São Francisco, a Creator oferece um hambúrguer feito inteiramente por máquinas e, em seguida, você pode tomar um café servido por um braço robótico na Cafe X. A Spyce, um restaurante de comida saudável fundado por quatro ex-estudantes do MIT, recebeu um aporte de US$ 21 milhões em setembro. Na cozinha totalmente automatizada, um sistema corta, separa e monta as porções.
A Domino’s, conhecida por liderar a indústria de fast food quando o assunto é inovação, tem até um projeto piloto de carro autônomo (também equipado com fornos) para fazer as entregas, bem como robôs que literalmente caminham pelas calçadas.