A Azevedo & Travassos Petróleo (ATP) fechou a compra de 13 campos da Brava Energia, numa transação que aumenta substancialmente sua produção e acontece às vésperas do spinoff e listagem da companhia na Bolsa.
A compra foi feita em parceria com a PetroVictory, com quem a ATP já tem um contrato de ‘farm-in’ para explorar os campos da canadense na Bacia Potiguar.
Na transação com a Brava – a empresa resultante da fusão da 3R com a Enauta – a ATP e a PetroVictory compraram 50% dos ativos cada, pagando um total de US$ 15 milhões.
Esse valor será pago ao longo de oito anos e meio, com uma parcela inicial de US$ 600 mil na assinatura do contrato e outros US$ 2,9 milhões no fechamento da transação.
Outros US$ 3,5 milhões serão pagos 12 meses após o fechamento, e há ainda US$ 4,5 milhões que serão pagos 24 meses após o fechamento. O restante (US$ 3,5 milhões) será pago no formato de royalties, com a Brava recebendo 7% da receita bruta da produção dos campos até atingir o valor.
Os campos adquiridos ficam localizados nos polos Porto Carrão e Barrinha, ambos na Bacia Potiguar terrestre, e tem 125 milhões de barris in place — o que significa que a transação saiu a um preço de US$ 3,50 por barril in place, considerado baixo para os patamares do setor.
No ano passado, os 13 campos produziram uma média de 253 barris por dia.
“Eram campos que não eram prioridade para a Brava, então ela optou por não fazer os investimentos necessários para aumentar a produção,” Gabriel Freire, o chairman e maior acionista da Azevedo & Travassos, disse ao Brazil Journal. “A gente vai fazer esses investimentos e nossa expectativa é aumentar muito e muito rapidamente essa produção.”
Segundo ele, é preciso fazer investimentos de superfície, com a troca de equipamentos e a organização estrutural dos ativos, e investimentos de subsolo, com um trabalho de ‘workover’ (uma espécie de retrofit dos campos e de estímulo mecânico para aumentar a produção).
Este capex é estimado em US$ 6 milhões a US$ 10 milhões para os 13 campos.
“Acreditamos que em até dois anos vamos ter um crescimento exponencial da produção,” disse ele.
A transação vem alguns dias antes da listagem da ATP na Bolsa, depois do grupo Azevedo & Travassos ter feito a cisão do negócio, distribuindo as ações à sua base acionária.
A ATP vai estrear na Bolsa na sexta-feira e deve nascer com um valor de mercado de cerca de R$ 150-160 milhões, considerando o market cap atual da Azevedo. (O valor da estreia será exatamente metade do market cap da Azevedo no dia anterior à listagem).
Essa é a segunda aquisição da ATP, que em abril do ano passado comprou a Phoenix Óleo e Gás, entrando no setor.
Com a Phoenix, a ATP adquiriu 7 campos que hoje estão produzindo 20 barris/dia. Gabriel disse, no entanto, que a produção está baixa porque a companhia está fazendo o workover de todos esses campos.
“A produção potencial, quando o workover terminar, é de cerca de 300 barris. E nos próximos 3 a 5 anos, esperamos atingir 2 mil barris/dia,” disse ele.
A ATP fez o pagamento da primeira parcela da aquisição de hoje com seu caixa, mas a expectativa é alavancar o negócio na medida em que ela atingir uma produção de 500 barris/dia, o que Gabriel espera que aconteça no curto prazo.
Com essa produção, a ATP já estaria gerando uma receita de R$ 81 milhões/ano com uma margem EBITDA de 50%.
Além dos campos próprios, a ATP fechou um acordo de ‘farm-in’ com a PetroVictory, uma empresa listada na Bolsa de Toronto. Neste contrato, a PetroVictory cedeu alguns de seus campos na Bacia de Potiguar para a ATP fazer as perfurações e buscar petróleo.
“O que acharmos naqueles campos com nosso capital, a produção vai ser 75% nossa e 25% deles até a devolução do capex. Depois, ela fica meio a meio até esgotar as reservas,” disse o chairman.
A ATP também tem a opção de compra dos 50% restantes desses campos.