A UME — que opera no mercado de crediário digital — acaba de levantar uma rodada liderada pelo PayPal, no segundo investimento da gigante americana de pagamentos numa startup brasileira, depois de seu aporte no Neon.
A captação, de US$ 15 milhões (quase R$ 80 milhões ao câmbio de hoje), vai financiar a expansão da UME, que começou operando apenas no Norte do País, em cidades como Manaus, e hoje já tem presença no Nordeste, no Sul e no Centro-Oeste.
A próxima fronteira: entrar no Sudeste.
Fundada em 2019, a UME opera junto a pequenos e médios varejistas regionais — que faturam de R$ 40 milhões a R$ 500 milhões por ano — oferecendo aos clientes dessas empresas o parcelamento das compras em até 4 vezes.
Para pagar com a UME, o cliente precisa baixar o app da startup e passar por um processo de aprovação de crédito que normalmente leva cinco minutos.
Depois da compra, a fintech paga os varejistas em D+2, cobrando uma taxa de desconto por isso. Ela também ganha um juro que é pago pelo consumidor.
A UME compete com players consolidados como a DMCard, a líder desse setor. Mas, diferente da concorrente, que opera basicamente com cartões private label, a UME permite que os clientes façam suas compras com PIX, escaneando um QR Code nas lojas pelo app da startup.
Isso reduz drasticamente o custo por transação da UME, turbinando suas margens, e torna o processo mais simples para os clientes. “O PIX já é a principal forma que o cliente usa para fazer suas transações de débito, e achamos que ele vai se tornar também a principal forma de comprar com crédito no futuro,” o fundador Berthier Ribeiro disse ao Brazil Journal.
A UME está conectada a mais de 2.000 varejistas e emprestou R$ 220 milhões no ano passado, mais que o dobro do ano anterior, quando havia emprestado R$ 100 milhões.
O funding para os empréstimos vem de FIDCs.
A startup havia levantado um FIDC de R$ 60 milhões, cujo capital acaba de ser retornado aos investidores, e agora levantou um novo FIDC de R$ 100 milhões.
Captado com investidores como a Verde, Western Asset, Itaú, Credit Saison e Milenio, o novo FIDC vai dar poder de fogo para a empresa operar até o final do ano que vem.
Berthier disse que como os empréstimos são sempre curtos, durando no máximo quatro meses, esses R$ 100 milhões vão permitir que a startup empreste cerca de R$ 600 milhões no período.
Segundo ele, um dos grandes diferenciais da UME é sua tecnologia de precificação de crédito, que usa inteligência artificial e foi criada por dois PhDs em ciência da computação: Márcio Palheta e Marco Cristo — o último, cofundador da fintech.
Berthier disse que a taxa de inadimplência da carteira é 30% inferior à média do mercado de crediário, que gira em torno de 10%.
A rodada de hoje — a segunda da startup desde que ela foi fundada em 2019 — também teve a participação da Globo Ventures, o braço de venture capital do grupo de mídia, e de gestoras que já eram investidoras da UME, incluindo a NFX, Clocktower Ventures, FJ Labs, Big Bets e Canary.
Além de usar os recursos para investir na expansão geográfica, a UME vai usar parte do capital para investir mais em tecnologia.
“Nossa visão de longo prazo é construir uma plataforma de crédito em cima do PIX, para que o PIX seja a nova forma do brasileiro contratar crédito,” disse Berthier. “Mas para isso é preciso muito investimento em tecnologia.”
Segundo Berthier, a UME tem queimado caixa nos últimos anos porque tem focado em crescer de forma agressiva, já que a carteira “está muito saudável”. Ainda assim, a startup ainda tinha em caixa 20% dos recursos da rodada anterior, de US$ 4,5 milhões.