Nas últimas semanas, o mercado tem especulado sobre a possível venda da TIM Brasil pela Telecom Italia — o que criaria um overhang sobre um papel que já não sai do lugar faz tempo.
As especulações surgiram após declarações de membros do Partido de Sergio Mattarella, o novo presidente da Itália, sinalizando esse possível movimento.
Mas a XP esteve com o CEO da Telecom Italia, Pietro Labriola, e o CEO da TIM Brasil, Alberto Griselli, e acha que uma venda é “muito improvável.”
“No Brasil não tem nenhum comprador óbvio e não vejo nenhum outro player interessado em entrar no País,” o analista Bernardo Guttmann disse ao Brazil Journal. “Além disso, o papel está muito amassado. Para vender, teria que ser com um prêmio muito relevante, o que cria até um upside risk para a ação.”
Segundo ele, o plano de reestruturação da Telecom Italia está sendo tocado de forma adequada — e independente.
Desde que assumiu, Pietro suspendeu a distribuição de dividendos, mudou o guidance da companhia, e apresentou um plano para reduzir a alavancagem por meio da venda da companhia de infraestrutura do grupo, transferindo uma parcela significativa da dívida para essa nova empresa.
Na reunião com a XP — um non-deal roadshow com clientes institucionais da corretora — Pietro disse que a operação brasileira tem uma importância significativa para a Telecom Italia (cerca de 25% do EBITDA).
Por conta disso, não faria sentido vender a TIM sem um prêmio significativo, já que de outra forma isso não geraria uma redução na alavancagem da Telecom Italia.
Sobre a possibilidade de vender apenas o excedente do controle — outra especulação aventada no mercado — Guttmann acha que isso também “não faz sentido, porque não ia endereçar as necessidades de caixa da companhia.”
A TIM Brasil é o top pick da XP no setor, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 22, um upside de 73% em relação ao preço de tela.
Para Guttmann, a companhia negocia com um valuation atrativo de menos de 3,5x o EBITDA, bem abaixo dos peers globais, que negociam a 6x, e abaixo também da Vivo.
O analista também elogiou o novo approach da companhia em relação aos dividendos (ela pretende aumentar as distribuições) e a rápida desalavancagem após a aquisição da Oi Móvel.