Depois do forte rali do Inter nos últimos meses, a XP rebaixou sua recomendação para o banco de ‘compra’ para ‘neutro’ agora à noite – ao mesmo tempo em que elevou o preço-alvo para a ação. 

O analista Bernardo Guttmann disse que o mercado está começando a dar como certo o plano ambicioso anunciado pelo Inter, de chegar a 60 milhões de clientes, 30% de ROE e um índice de eficiência de 30% até 2027.

Para a XP, essa confiança do mercado parece “prematura, ainda que a gente reconheça que o banco deve continuar em sua trajetória de melhora nos lucros.”

“O Inter ainda precisa demonstrar sua habilidade para aumentar o engajamento dos clientes, traduzindo isso num aumento mais significativo do ARPAC,” diz o relatório. “Iniciativas de crescimento como crescer em PMEs e a criação da Global Account podem ajudar o crescimento de curto prazo, mas a competição deve limitar o potencial de receita.”

Os analistas elevaram o preço-alvo do Inter de R$ 34 para R$ 44, depois de incorporar os últimos resultados no modelo e as projeções macro. Ainda assim, a XP resolveu rebaixar a ação dado o upside “limitado”. O papel fechou hoje a R$ 39,82.

No ano, a ação do Inter sobe mais de 50%, e nos últimos 12 meses, dobrou de valor. 

Nas contas da XP, o Inter negocia hoje a 1,8x book para 2025 e a 13x lucro, um múltiplo superior ao dos bancos incumbentes mas inferior ao do Nubank. 

“Acreditamos que o prêmio atual comparado aos incumbentes reflete de forma justa o potencial de crescimento do banco. No entanto, gostaríamos de ver uma mudança mais clara no apetite de risco para acreditar que o banco vai atingir uma trajetória mais acelerada de crescimento do ROE, merecendo um múltiplo maior.”

No relatório, a XP nota ainda que o Inter tem melhorado sua eficiência de custos nos últimos trimestres, mas que, na frente das receitas, as melhores têm sido modestas. 

“Olhando para frente, não está claro qual será a estratégia do banco para aumentar a monetização dos clientes. Na nossa visão, aumentar o apetite de risco e, consequentemente, as concessões de crédito será crucial para isso. No entanto, vemos a proposta de valor para os clientes high-end como frágil, além de uma falta de disposição para oferecer mais crédito para os clientes de baixa renda.”

Por conta disso, a XP acredita que a monetização dos clientes pode demorar mais para se materializar, postergando o atingimento da meta “60-30-30” para depois do prazo estipulado de 2027.