A XP está comprando uma participação minoritária na Inove Investimentos — no quarto aporte deste tipo este ano e o 11° da história da companhia.

Fundada 15 anos atrás, a Inove tem R$ 7 bilhões em ativos sob custódia e opera apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

O escritório de agentes autônomos tem 50 assessores que atendem 7,5 mil clientes. O tíquete médio é de cerca de R$ 1 milhão, mas a base de clientes inclui também clientes private (com mais de R$ 10 milhões em liquidez) e empresas, que respondem por 15% dos ativos. 

Bruno Ballista, o sócio e head de assessoria e relacionamento da XP, disse ao Brazil Journal que o investimento na Inove tem a ver com a qualidade de seu serviço.

“Estamos muito vocais na nossa estratégia de nos posicionar para nossa terceira onda de crescimento, que é focada em excelência em servir o cliente e alto padrão no nível de serviços,” disse o executivo. “A Inove se destaca muito nisso. Ela sempre colocou o cliente no centro.”

Ballista disse ainda que a Inove tem “um alto índice de performance, tanto em crescimento de AUC quanto em rentabilidade, uma governança sólida, e um modelo comercial madura.”

O valor do investimento e a participação acionária não foram revelados, mas Ballista disse que a XP comprou uma participação minoritária “relevante” e que a operação foi “majoritariamente primária.”

Com os recursos do investimento, a Inove pretende acelerar sua expansão, tanto de forma orgânica quanto com aquisições.

Eduardo Madanelo, um dos dois fundadores da companhia, disse que o objetivo da Inove é chegar a R$ 10 bilhões em ativos no ano que vem. 

“Vemos muitas oportunidades de crescer no segmento de empresas porque boa parte dos nossos clientes de private são empresários e empreendedores. Esse cara já confia na gente e tem um relacionamento de longo prazo. Podemos com esse mesmo relacionamento prestar serviços para as empresas deles,” disse o fundador. 

A Inove já presta há anos o serviço de gestão de caixa das empresas, “mas agora temos gastado muita energia trabalhando o cross sell de outros produtos, como soluções de crédito, câmbio e seguros corporativos. Podemos gerar muito valor com isso.”

A Inove também pretende crescer com M&As, uma estratégia que já usou antes. Eduardo Gusmão, o outro fundador, disse que a companhia tem um pipeline de potenciais aquisições e espera anunciar uma já nos próximos meses. 

Outra estratégia da empresa tem sido apostar no modelo fee-based, que tem ganhado tração desde a resolução 179 da CVM, de 2023, que obrigou os assessores a dar total transparência de sua remuneração aos clientes, mostrando o montante que ganham com cada produto. 

A Inove começou a apostar nesse modelo há um ano, e hoje ele já responde por 20% do AUC da companhia (R$ 1,3 bi de um total de R$ 7 bi). 

“Não acho que existe um modelo ideal. Vai depender de cada cliente e de cada relacionamento,” disse Gusmão. “O fee-based não é o melhor para todo mundo, e o transacional também não. E do ponto de vista de negócios é a mesma coisa: vai ter clientes que são mais rentáveis para a gente no transacional e outros no fee-based.”

Segundo ele, o mais importante é dar as duas opções e deixar o cliente escolher como quer ser atendido.

Diego Gonsalez, o head de investidas B2B da XP, disse que a companhia tem outros dois escritórios no pipeline que espera fechar ainda este ano. 

“Nosso investimento é parte dessa estratégia de fortalecer a indústria, comprando participações minoritárias para capturar o crescimento do negócio, sem interferir na gestão,” disse ele. 

Hoje, as 12 investidas da XP já respondem por mais de um quarto dos ativos da XP no canal de assessoria.