O Bradesco BBI elevou sua recomendação para o Grupo SBF de ‘neutro’ para ‘compra’, dizendo que a dona da Centauro e da Nike Brasil está perto de um ponto de inflexão nos lucros e no múltiplo.

O banco elevou seu preço-alvo para a ação para R$ 17, um upside potencial de 45% em relação ao preço de tela. 

A ação sobe 2,3% no final da manhã, com o Grupo SBF valendo R$ 2,95 bilhões na B3. 

Negociando a 5,9x seu lucro estimado para 2026 (um desconto de 30% para os peers), “acreditamos que os níveis de preço atuais não refletem adequadamente a tese de uma melhora dos lucros a partir do quatro tri,” escreveu o analista Pedro Pinto. 

Segundo ele, a produtividade de vendas da Centauro vem melhorando desde o primeiro tri, e a melhora deve continuar por mais alguns trimestres; enquanto o lucro da Nike deve atingir o ponto mais baixo no terceiro tri, começando a melhorar a partir do quarto.

O analista lembrou que a Nike teve resultados voláteis nos últimos três anos – impactada por um excesso de estoque pelos desafios da cadeia de suprimentos global, por descontos elevados, problemas no balanceamento dos canais (atacado/DTC) e pela forte depreciação do real. 

“Agora, embora a maior parte do impacto cambial na lucratividade ainda deva se materializar no terceiro tri, acreditamos que a Nike deve mostrar sinais de estabilização nos próximos trimestres, com a dinâmica cambial negativa revertendo e provavelmente se tornando um vento a favor no segundo semestre de 2026, ajudando na recuperação da margem,” escreveu o analista, acrescentando que o ponto de inflexão nas vendas do canal atacadista já ocorreu no segundo tri.

O analista diz ainda que o Grupo SBF já deu passos importantes para retomar o foco na operação e simplificar os negócios. 

Desde que Gustavo Furtado assumiu como CEO em fevereiro, ele tem direcionado o foco da empresa para as operações principais e implementado uma mentalidade mais estratégica em toda a organização, impulsionando iniciativas para melhorar a produtividade e o lucro bruto por metro quadrado na Centauro, além de realizar ajustes no quadro de funcionários das lojas e em cargos de diretoria, disse o analista. 

“A empresa também saiu de negócios não essenciais, como NWB e X3M, permitindo que a gestão concentre esforços e recursos em suas principais bandeiras – Centauro e Nike. Embora algumas dessas mudanças possam gerar pressão de curto prazo no SG&A, elas lançam as bases para um modelo de negócios mais eficiente e focado.”

O Bradesco disse que ainda que suas premissas sejam “deliberadamente conservadoras” (um crescimento de vendas de um dígito em 2026 e uma expansão modesta de margem), “o Grupo SBF parece oferecer alavancas relativamente mais sólidas para o crescimento do lucro em comparação com o restante da nossa cobertura doméstica, que está mais exposta a revisões de estimativas para baixo induzidas por fatores macroeconômicos.”

Para o banco, isso cria uma assimetria “atraente”, com uma maior probabilidade do Grupo SBF reduzir seu desconto de múltiplo e um espaço “muito limitado” para que esse desconto aumente.