A Advent e o CPPIB estão investindo R$ 1 bilhão na Inspira, numa aposta na consolidação do mercado de educação básica e na tese da empresa de investir majoritariamente em escolas tradicionais, bilíngues e de referência.
A rodada — 100% primária — foi liderada pela Advent, a gestora de private equity americana, e teve a participação do fundo de pensão canadense. Nenhum dos atuais acionistas — o BTG e o fundador André Aguiar — acompanharam.
A Inspira opera 34 marcas em 100 escolas espalhadas por 18 estados.
Por meio de uma estratégia de aquisições, a Inspira cresceu seu top line a uma taxa média composta de 93% desde sua fundação em 2018. No ano passado, faturou R$ 1,08 bilhão e fez um EBITDA de R$ 300 milhões.
Os números posicionam a rede como a segunda maior do segmento conhecido como K-12, atrás apenas do Grupo Salta Educação, que faturou R$ 2,3 bilhões ano passado e tem como acionistas a Gera Capital, Atmos Capital e Warburg Pincus.
O terceiro player desse mercado é a Bahema, que fatura cerca de R$ 400 milhões e vale R$ 170 milhões na Bolsa.
O valuation da rodada de hoje não foi revelado, mas Brenno Raiko, o head de educação da Advent no Brasil, disse ao Brazil Journal que o investimento deu à gestora o co-controle da operação junto com o BTG Pactual, que investiu na Inspira em 2020.
Antes do investimento, o BTG tinha 80% do capital da Inspira, e os 20% restantes estavam nas mãos do fundador. Como o BTG não acompanhou a rodada, sua participação foi diluída para menos de 50%.
A rodada adia os planos de IPO da empresa. Em 2021, Aguiar disse numa entrevista ao Brazil Journal que a ideia da Inspira era abrir o capital no final de 2023.
Agora, o fundador diz que “a visão é sim fazer o IPO em algum momento,” mas que esse é um “passo futuro, no longo prazo, para perenizar a estratégia.”
Com o novo bilhão no caixa, Aguiar disse que o plano é manter um ritmo de crescimento parecido com o que a empresa vem entregando desde sua fundação. Como a companhia já assumiu um tamanho relevante, o plano agora é dobrar novamente de tamanho em 2 ou 3 anos.
Esse crescimento deve vir da combinação de novas aquisições e crescimento orgânico.
“Temos boas marcas, então dá para abrir muitas novas unidades nas regiões onde elas já estão,” disse o fundador. “Mas também tem muita oportunidade de aquisição ainda.”
Aguiar nota que as ‘top 10’ empresas do setor ainda têm menos de 5% de market share. “Então tem 95% do mercado que é de escolas independentes, de controle familiar, que podemos adquirir.”
Segundo ele, a Inspira tem uma vantagem competitiva nos M&As, dado que promete preservar o legado acadêmico e pedagógico das escolas que compra em vez de buscar uma padronização entre os ativos.
“Um mantra nosso é não padronizar. Operamos clusters diferentes, com projetos pedagógicos diferentes, e tratando cada escola de forma única,” disse Aguiar.
A Inspira divide suas escolas em quatro clusters: as escolas de performance, focadas em aprovação no vestibular e que representam 25% dos alunos; as escolas tradicionais e de referência, que respondem por 50% dos alunos e são o carro-chefe da empresa; as escolas internacionais e bilíngues (15%); e as escolas humanistas, que não chegam a ser construtivistas mas têm um pilar sócio-emocional (10%).
Brenno, da Advent, disse que essa estratégia foi um dos fatores que deixaram a gestora confortável para investir.
“K-12 é um setor high-touch, que tem que ter essa proximidade muito grande com os clientes, tratar cada aluno, cada pai, como único. Essa estratégia deles tem se provado muito bem sucedida,” disse ele.
O gestor disse ainda que o setor de educação básica é extremamente resiliente, já que é uma prioridade para todas as famílias. “Isso se traduz em repasses de preços constantes e acima da inflação,” disse ele.
A rodada de hoje vem num momento em que o mercado de K-12 está aquecido em termos de transações.
Há um mês, a Gera Capital vendeu 32% do Grupo Salta para a Atmos, Warburg Pincus e Mission, numa operação 100% secundária. O Salta também está com o caixa cheio e tem planos ambiciosos, incluindo a abertura de 15 a 20 novas escolas este ano e duas aquisições.
A empresa também disse que avalia uma transação transformacional, com a fusão com outra grande rede do setor (leia-se, a Bahema).