“Até os melhores têm de desacelerar em algum momento”.

Foi assim que o Itaú BBA começou o relatório em que explica por que decidiu rebaixar a WEG para “market perform”, o equivalente a ‘neutro’.

Além do Itaú, apenas outros dois bancos (Bradesco e Santander) têm recomendação ‘neutra’ de um universo de cobertura de 15 bancos, enquanto a Goldman Sachs é a única com recomendação de venda.

Após o downgrade do Itaú, os papéis da companhia caem 1,7% num dia em que a Bolsa passou boa parte do pregão à espera do Fed.

Para o Itaú, a WEG continua uma empresa “fantástica”, mas o excelente desempenho do passado não deve se repetir. As ações subiram 42% desde agosto, quando o banco havia dado um upgrade na companhia.

As três razões para o downgrade: o crescimento das receitas deve ser o mais baixo em cinco anos dada a previsão de desaceleração dos mercados doméstico e externo; as margens devem cair após atingirem o pico no primeiro trimestre deste ano; e a reforma tributária pode gerar impactos negativos para a empresa.

Segundo o Itaú, a desaceleração do crescimento em 2023 já era o cenário base depois da WEG entregar uma taxa média de crescimento anual de 30% entre 2020 e 2022.

A perda de ritmo, no entanto, pode ser mais forte que o esperado, na visão do banco.

Isso deve acontecer por um mercado doméstico mais fraco (com mudanças regulatórias impactando as receitas dos negócios de energia solar); um mercado internacional também mais fraco (com um ganho de market share menor depois da normalização da cadeia de suprimentos); e um impacto negativo do câmbio.

A estimativa do Itaú é que a WEG cresça seu top line em 10% este ano.

Já a margem EBITDA provavelmente deve cair a partir de agora. Depois de atingir 21,9% no primeiro trimestre, a expectativa do Itaú é que a margem caia para 19% no último trimestre deste ano.

O Itaú também ressalta o potencial impacto de uma reforma tributária para a WEG, com o fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio e a isenção de benefícios fiscais de ICMS prejudicando o balanço da companhia.

O Itaú vê a WEG negociando a 33x o lucro estimado para este ano e a 30x o lucro do ano que vem, um múltiplo que ele considera menos atrativo tanto em termos absolutos quanto relativos.

A WEG está negociando com um prêmio de 80% em relação aos peers locais e de 65% em relação aos peers internacionais, apesar de ter o menor crescimento relativo dos últimos cinco anos.