Em seus primeiros comentários sobre a Kraft Heinz desde o colapso da ação semana passada, Warren Buffett disse à CNBC que a Berkshire Hathaway “pagou demais” pela Kraft, que foi fundida com a Heinz em 2015.

“Eu estava errado em alguns aspectos sobre a Kraft Heinz”, Buffett disse no programa “Squawk Box”. “Nós pagamos em excesso pela Kraft.”
Segundo ele, a Kraft Heinz “ainda é um negócio maravilhoso, no sentido que usa cerca de US$ 7 bilhões de ativos tangíveis e lucra US$ 6 bilhões antes dos impostos. Mas nós, e certos predecessores, pagamos US$ 100 bilhões pelos ativos tangíveis. Então, para nós, é preciso lucrar baseado nos US$ 107 bilhões, e não apenas nos US$ 7 bilhões que a empresa emprega.”
Buffett disse que não pretende vender sua participação na companhia, e reconheceu que seria difícil fazê-lo porque sua posição é muito grande.
Buffett se uniu à 3G Capital em 2013 para adquirir a Heinz e, dois anos depois, financiou a fusão de US$ 49 bilhões da Heinz com a Kraft Foods. (Na entrevista, Buffett disse que não pagou demais pela Heinz.)
Buffett fez uma digressão sobre como as empresas de alimento processado (consumer packaged goods, ou CPG) estão sendo desafiadas.
Ele notou que a Heinz foi fundada em 1869 e a Kraft em 1895, e que ambas empresas desenvolveram marcas fortes, investiram bilhões de dólares em publicidade ao longo de décadas, e criaram canais de distribuição que usam centenas de milhares de pontos de venda em todo o mundo.
Com tudo isso, a Kraft Heinz fatura US$ 26 bilhões por ano.
“Em 1992, a Costco criou uma marca, a Kirkland, e essa marca faturou US$ 39 bilhões ano passado — 50% mais que a Heinz — e é vendida em apenas 750 lojas em todo o País. Private label está crescendo e vai crescer ainda mais.”
Buffett rejeitou a tese — cada vez mais corrente no mercado — de que a 3G Capital se preocupa apenas em cortar custos e não investe em inovação.
“Eles não cortaram em inovação e desenvolvimento de oprodutos, e sim nos custos gerais, administrativos e de vendas,” disse Buffett, notando que a empresa “tentou um monte de coisas, mas… quantas coisas funcionam? Quantos produtos realmente explodem?”
“Eles podem ter errado — ‘eles’ não, eu deveria dizer ‘nós’ — em ter tentado bater de frente com alguns varejistas e depois perceber que não éramos tão fortes quanto acreditávamos.”
Geraldo Samor