O mundo pode até parar — mas a música continua tocando.

A Warner Music, que representa nomes como Ed Sheeran, Bruno Mars, Katy Perry e Neil Young, acaba de levantar US$ 1,9 bilhão no maior IPO do ano (e um dos poucos) nos Estados Unidos.

Com os mercados globais em ‘full risk-on’, a Warner teve uma demanda robusta e aumentou sua oferta em 10%.

A oferta, totalmente secundária, deu saída parcial ao bilionário ucraniano Len Blavatnik, que fez fortuna com a exploração de petróleo na Rússia e depois criou a Access Industries, um conglomerado com negócios em setores diversos — do entretenimento a petroquímica.

Após a oferta, Blavatnik continuará com cerca de 99% do poder de voto na Warner por meio de uma classe de ações separada.

A Access, holdings de Blavatnik, vendeu 77 milhões de ações da Warner a US$ 25 cada, o topo da faixa indicativa; o IPO deu à companhia um valor de mercado de quase US$ 13 bilhões. 


No meio da tarde, o papel subia mais de 16% no primeiro dia de negociação.

O pricing da oferta, que estava previsto para ontem, foi adiado para hoje em solidariedade ao movimento ‘Black Lives Matter’, reenergizado pela revolta com o assassinato de George Floyd. A indústria de música americana fez uma paralisação de um dia para apoiar os protestos que exigem Justiça.

Terceira maior gravadora do mundo e dona de selos como Elektra Records e Atlantic Records, a Warner foi uma das empresas do setor mais ativas em M&A nos últimos anos.  Agora, ao ter sua ação listada na Bolsa, a Warner ganha uma moeda para fazer mais aquisições.

Ano passado, a gravadora adquiriu a First Time Records, um estúdio especializado em gravações da Broadway. Um ano antes, comprou a EMP, uma das maiores revendedoras de música da Europa.

Fundada em 1958 como o braço de música da Warner Bros, a Warner Music foi adquirida em 2011 por Blavatnik, que pagou US$ 3,3 bilhões pela empresa. Até então, a Warner era controlada pelos fundos de private equity Thomas H. Lee Partners, Bain Capital Partners and Providence Equity Partners, que adquiriram a gravadora em 2004 da Time Warner.

A indústria de música tem se mostrado mais resiliente aos impactos da pandemia. Em abril, por exemplo, a receita da Warner com streaming cresceu 12%.

Mas a Warner não está totalmente imune. A companhia teve queda nas receitas de publicidade e nas vendas físicas, e sofreu com atrasos no lançamento de novos álbuns, filmes e programas de televisão.

Os coordenadores da oferta foram Morgan Stanley, Credit Suisse e Goldman Sachs.