A Take — uma empresa de tecnologia que ajuda companhias a conversar com os clientes no WhatsApp e redes sociais — acaba de levantar US$ 100 milhões com o Warburg Pincus, na maior aposta até agora de que o chamado ‘conversational commerce’ é o futuro do varejo.

11173 f21fbd14 5df0 1374 a9d9 685ce74513b8Esta é a maior rodada ‘Series A’ da história do Brasil e o primeiro aporte externo desde que a Take foi fundada em Belo Horizonte em 1999.  O Warburg Pincus está comprando uma participação minoritária relevante.

Com um modelo de negócios parecido com o de empresas como Twilio e LivePerson, a Take é dona de uma plataforma que permite a empresas conversar com seus clientes no WhatsApp e redes sociais, criando engajamento, atendimento e vendas.

No centro da tecnologia está um roteador que direciona as conversas das marcas com seus clientes para bots com inteligência artificial ou atendentes humanos. 

A maioria das plataformas de CRM até hoje foi construída a partir de interações que acontecem em sites e aplicativos, mas a migração da internet para sistemas baseado em AI exigiu um novo paradigma. A Take criou uma arquitetura que transforma os tickets (cada conversa iniciada) num diálogo fluido e infinito, consolidando o histórico e o contexto do relacionamento para aumentar o conhecimento da marca sobre seu cliente.

“As pessoas não querem mais ligar,” Roberto Oliveira, o fundador e CEO da Take, disse ao Brazil Journal. “Elas preferem mandar mensagens no WhatsApp e todas as empresas precisam estar prontas para construir essas relações digitais.”

A Take tem cerca de 800 clientes — incluindo nomes como Itaú, Claro, Localiza e Coca-Cola — e atende 75 das 500 maiores companhias do Brasil. 

Em setembro, o annual recurring revenue (ARR) — a principal métrica para empresas de software as a service — estava em US$ 40 milhões. 

Os clientes da Take pagam um valor mensal que varia dependendo do número de usuários ativos que interagiram com eles no período. A escala já é significativa: a plataforma está trocando mais de 1,5 bilhão de mensagens por mês.

A Take fez um roadshow no início do ano e conversou com mais de 20 fundos no Brasil e Vale do Silício antes de fechar com o Warburg. 

Segundo Roberto, a empresa gera caixa há anos e não tinha necessidade de capital, mas decidiu fazer a rodada porque tem uma ambição global.

Apesar de ter usuários em mais de 100 países, a Take só tem um produto comercial no Brasil. O plano agora é abrir operações no México, Estados Unidos e Europa e aprimorar a plataforma criando novas ferramentas e soluções. 

“Na parte de atendimento humano com call center, por exemplo, estamos desenvolvendo um algoritmo de inteligência artificial que pode ajudar o atendente a responder algumas perguntas,” diz ele. “Na parte de automação, estamos desenvolvendo vários algoritmos para facilitar o entendimento das necessidades específicas de cada vertical em que atuamos, como telecom e bancário”.

Fundada por um grupo de quatro empreendedores no final dos anos 90, a Take foi uma das precursoras da internet móvel no Brasil. A empresa nasceu como uma plataforma de venda de ringtones para celulares que chegou a ter 250 mil downloads por dia. Em 2005, foi vendida para uma gigante japonesa do setor, que três anos depois decidiu sair do Brasil e revendeu a empresa aos fundadores. 

Com a deterioração do mercado de ringtones, os fundadores ‘pivotaram’ o negócio, transformando a empresa numa plataforma que automatizava a comunicação por SMS de grandes empresas com seus clientes. 

“Em 2014, ficamos com medo que o WhatsApp pudesse matar o SMS, e decidimos mudar de novo,” diz Roberto. “Em 2016 o Facebook abriu o Messenger para integrações e em 2018 o WhatsApp abriu seu API. Desde então, temos crescido sem parar.”

Lazard e Itaú BBA assessoraram a Take. 

KLA e Ulhôa Canto Advogados deram assessoria jurídica.