A Warburg Pincus está dobrando sua aposta na Superlógica — a líder no Brasil em softwares de gestão para administradoras de condomínio, com um market share de mais de 50%.
A gestora americana acaba de anunciar que está investindo R$ 150 milhões na companhia, três anos depois de aportar outros R$ 300 milhões.
A rodada saiu a um valuation maior que o da captação anterior, apesar do momento de mercado mais complexo para empresas de tecnologia, o head da Warburg Pincus no Brasil, Henrique Muramoto, disse ao Brazil Journal.
“Diferente de outras empresas de tech, a Superlógica é rentável e tem margens muito positivas. As métricas são impressionantes,” disse ele. “Eles sempre foram muito inovadores, mas com o pé no chão, com uma cabeça de bootstrap. Essa mentalidade, combinada com a boa rentabilidade, nos atraiu para investir mais.”
O valuation da rodada “não saiu barato,” disse Muramoto. “O valuation de empresas que não precisam captar nunca vai ser uma barganha… Achamos que foi uma equação justa, que ainda deixa bastante upside.”
Para a Superlógica, a captação vai ajudar a companhia a expandir o ‘superapp’ Gruvi por meio de M&As. O Gruvi foi criado no início do ano e tem a Cyrela e a Intelbras como sócios minoritários.
O app, a maior aposta da Superlógica para os próximos anos, é usado pelos moradores dos condomínios e tem três funcionalidades: casa, onde o cliente controla suas despesas domésticas e recebe sugestões sobre como reduzi-las; condomínio, onde ele tem acesso às assembleias digitais, liberação de visitantes e reservas de espaços, por exemplo; e vizinhança, onde o morador pode interagir com outros moradores do prédio.
Mais adiante, a Superlógica pretende plugar uma série de ofertas de produtos e serviços no app, ganhando uma comissão sobre as vendas.
A criação do Gruvi faz parte da estratégia da Superlógica de expandir suas fontes de receita para além do software.
Fundada em 2001 em Campinas por Carlos Cêra, Luis Cêra e Lincoln Amaral Filho, a companhia nasceu oferecendo apenas softwares de gestão (ERPs) para administradoras de condomínios. Com o tempo, começou a agregar outros produtos, passando a oferecer uma conta digital, crédito e sistemas de controle de acesso.
Juntas, essas novas verticais já respondem por mais de metade da receita total, que ficou em cerca de R$ 200 milhões ano passado. Em maio, o run rate da Superlógica já foi de R$ 330 milhões.
“Nosso próximo passo é chegar no morador,” disse Carlos Cêra, o CEO e cofundador da Superlógica. “É onde vemos o maior potencial de crescimento daqui para frente.”
Por enquanto, o Gruvi está sendo usado por 12% dos 100 mil condomínios que são clientes da Superlógica. Mas nem todos os moradores migraram do app antigo para o novo.
A expectativa da companhia é que até o final do ano 35 mil condomínios tenham adotado o Gruvi e que toda a base de moradores desses condomínios já use o aplicativo.
“Quando batermos em 50 mil, nossa ideia é abrir o app para os fornecedores começarem a vender e começarmos a monetizar,” disse Carlos. “Mas não temos pressa. Queremos criar uma experiência muito boa para o usuário antes de começar a gerar receita.”
Outra frente de expansão, segundo o CEO, será na parte de crédito — em especial com um produto chamado ‘inadimplência zero’ que a companhia lançou no início do ano passado.
Carlos disse que esse produto tem um potencial de receita de R$ 5 bilhões no Brasil, considerando todos os condomínios que existem no País.
Na prática, a Superlógica se oferece para cobrir todos os meses a inadimplência dos moradores do condomínio em troca de um deságio do valor total. “Imagina um condomínio com uma inadimplência de 10%. Ele vai receber toda a taxa de condomínio com um deságio de 5%, que é a nossa remuneração. E depois vamos cobrar os moradores inadimplentes,” disse o CEO.
A rodada de hoje tem um caráter de rodada pré-IPO. Carlos disse que esse “é um objetivo dos fundadores, executivos e fundos.”
“Trouxemos o Diogo [Bassi, o CFO], que já fez o IPO da Petz, justamente para nos ajudar nisso. O momento agora está complicado, mas queremos estar prontos para uma próxima janela.”