A Volvo Cars prepara um IPO que pode avaliá-la entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões, o que tornaria a empresa um dos casos de turnaround mais bem-sucedidos da história. 

A companhia chinesa Geely Holdings comprou a Volvo da Ford em 2010 por apenas US$ 1,8 bilhão.  A Ford — que havia comprado a Volvo em 1999 por US$ 6,5 bilhões (valores da época) —  se desfez do negócio na esteira da Grande Crise de 2008. 

A montadora sueca quer levantar US$ 2,9 bilhões na oferta primária para acelerar sua transição para uma empresa de carros elétricos. A Volvo vai investir no fornecimento de baterias na Europa, Estados Unidos e China e na produção de motores elétricos. 

A Geely também deve vender uma parte das ações que possui na Volvo, mas vai manter o controle. 

Desde que assumiu a Volvo, a Geely investiu mais de US$ 11 bilhões, financiando a modernização dos veículos da empresa e impulsionando a marca no mercado chinês. A Volvo também voltou à moda em outros países, e hoje compete com as marcas premium alemãs, como BMW, Audi, Volkswagen e Mercedes-Benz. 

O controlador chinês também colocou a Volvo como protagonista da transformação do setor do ponto de vista do ESG.

A Volvo foi a primeira montadora tradicional a descontinuar a produção de veículos com motores de combustão interna, encerrando sua fabricação de carros movidos apenas por combustíveis fósseis em 2019. Desde então, todo Volvo é um modelo totalmente elétrico ou híbrido. 

A empresa se comprometeu a produzir apenas carros elétricos até 2030, enquanto a maioria das montadoras fala em eliminar os motores convencionais por volta de 2035.

A notícia do IPO vem dias depois de a Polestar — uma joint venture entre a Volvo e a Geely — anunciar que planeja se listar na Bolsa por meio de uma fusão com o SPAC Gores Guggenheim, cujos sponsors são o private equity The Gores Group e o banco de investimento Guggenheim Partners. O SPAC levantou US$ 800 milhões em março. 

A Polestar já foi uma marca de carros de corrida, e desde 2017 é uma espécie de braço de inovação do grupo Volvo/Geely que só desenvolve carros elétricos de alta performance.

Depois de atrair investidores como o ator Leonardo DiCaprio, a Polestar deve ser avaliada em US$ 20 bilhões na fusão com o SPAC.  Ou seja, só a participação da Volvo no negócio já vale US$ 10 bilhões — metade do valuation da própria montadora no piso da faixa do IPO. 

Se for avaliada em US$ 25 bilhões, a Volvo valerá mais que o dobro da Renault (US$ 10 bilhões), mas ainda uma fração da General Motors (US$ 77 bilhões) e… um erro de arredondamento em relação à Tesla (US$ 767  bilhões).