A Vivo está em discussões finais com a Ânima para criar uma joint venture na área de educação — em mais um movimento da gigante de telecom na construção de um ecossistema de serviços digitais para fidelizar e monetizar melhor sua base de 65 milhões de clientes.
A plataforma — uma sociedade 50/50 entre as duas empresas e ainda sem nome definido — vai oferecer cursos livres em áreas como tecnologia, hotelaria, programação e games por meio de um aplicativo. A JV pretende criar conteúdos novos, e não só distribuição dos cursos da Anima. Por meio de nanocursos de 30 a 60 horas, o usuário poderá criar suas trilhas de aprendizagem.
“A ideia aqui não é ‘vender curso’, e sim criar uma comunidade de aprendizado que vai dar ao usuário a possibilidade de estudar para o resto da vida de forma contínua e fluida,” disse Daniel Castanho, o chairman da Ânima.
A JV é o anúncio mais recente na estratégia do CEO Christian Gebara de criar um ecossistema de serviços digitais.
Desde o ano passado, a operadora já criou o Vivo Pay (uma wallet digital), o Vivo Money (uma plataforma de empréstimos pessoais até R$ 30 mil), e o Vida V (um marketplace de saúde em parceria com a empresa de telemedicina Teladoc).
A Vivo também faz a distribuição de diversos serviços de entretenimento — incluindo Netflix, Amazon Prime e Spotify — num modelo de comissionamento, e planeja em breve entrar no segmento de internet das coisas, oferecendo equipamentos e serviços de instalação.
A Vivo não diz quanto espera que esses serviços digitais B2C representem de sua receita no médio/longo prazo, mas Gebara disse ao Brazil Journal que esse ecossistema “deve se tornar a base da proposta de valor da Vivo.” O CEO espera que, em três anos, cada cliente da operadora “use pelo menos um desses serviços digitais.”
A Vivo tem feito um movimento parecido em sua vertical B2B, com a distribuição de serviços digitais como cloud, cybersecurity e TI. Esses serviços digitais já respondem por 20% de toda a receita B2B da Vivo, que, por sua vez, representa 23% do total.
A JV em educação vem quatro meses depois da TIM fechar um contrato parecido com a Kroton. Naquele acordo, a TIM poderá ficar com até 30% da Ampli, um aplicativo criado para vender cursos livres formatados para a experiência mobile.
As iniciativas mostram as operadoras lutando para ganhar relevância na vida do cliente e monetizar seu acesso direto ao cliente final.
“Todas as empresas querem ser muito mais que o ‘core’ e ter a recorrência e o tempo do cliente,” disse Gebara. “Não acredito em empresa apenas de conectividade; agora temos que ter conectividade com serviços digitais.”