O Itaú BBA reiterou sua recomendação de “outperform” para a Vivara e aumentou o preço-alvo de R$ 34 para R$ 37 no final de 2022.
 
“O histórico da empresa, os ganhos de escala, o reconhecimento da marca e um balanço robusto … se destacam num momento em que os concorrentes estão frágeis,” escreveu o time liderado por Thiago Macruz. 

Os analistas estimam que a Vivara vai aumentar seu lucro por ação em 27% ao ano nos próximos três anos. Nas contas do Itaú, a Vivara negocia hoje a um múltiplo preço-lucro de 20,3x para 2022, comparado a um P/L de 25,7x no consenso de mercado. 

O relatório aponta que a pandemia trouxe oportunidades para a empresa, que por estar mais capitalizada que os concorrentes pode investir e acelerar suas vendas digitais.

A Neo Investimentos, que tem 2,2% do capital da Vivara, acaba de publicar uma carta de oito páginas sobre a joalheria notando que, no auge da pandemia, a Vivara  chegou a vender mais de 50% dos seus produtos de maneira digital. 

Esse desempenho online, diz a Neo, suavizou o impacto do fechamento de lojas e, já no último trimestre de 2020, as receitas voltaram a crescer. Antes da covid, o ecommerce respondia por 8% da receita; agora, responde por 20%. 

Hoje, a Vivara tem 270 lojas e 14 delas são da marca Life, que vende somente peças de prata e é uma das principais verticais de expansão da empresa. 

A Life tem tíquete médio de R$ 260, comparado ao tíquete de R$ 2.125 da Vivara, que vende ouro, prata e acessórios como relógios. 

Os analistas do Itaú notam que a Life começou a incluir itens de valor mais alto em seu mix, como alianças de casamento.

“É cedo para prever como serão as vendas nessas novas categorias, mas acreditamos que a iniciativa pode aumentar o risco de canibalização com o sortimento da Vivara, o que vemos como o principal risco a ser monitorado para nossa tese de investimento,” diz o Itaú BBA. 

A Vivara buscou recursos no IPO para crescer abrindo lojas, expandindo a fábrica e investindo em novas marcas, tecnologia e inovação. Superada a pandemia, a empresa retomou os planos de inaugurar entre 40 e 50 lojas por ano nos próximos dois anos. 

Segundo a Neo, o potencial de crescimento é grande, já que a Vivara está em pouco mais de 30% dos shoppings brasileiros. Mas a companhia também tem a estratégia de expandir essa marca geograficamente em cidades menores, com menos investimento e patamares saudáveis de vendas.

“Esse modelo possui retornos muito atrativos, com ROICs significativamente acima do custo de capital da companhia,” diz a Neo.

Mais recentemente, diz a Neo, a Vivara começou a endereçar uma agenda de M&A — considerando a alta fragmentação do setor de joias e a maior fragilidade de alguns concorrentes na pandemia.  A gestora acredita que a empresa esteja de olho em uma nova marca, complementar a seu portfólio, dedicada à alta renda ou à classe C; ou em uma empresa de tecnologia que acelere ainda mais seu ecommerce.

Apesar da boa performance do negócio na pandemia, as ações da Vivara estão hoje praticamente no mesmo patamar pré-covid. O papel sofreu bastante — pelo produto, supérfluo, e pela concentração das lojas em shoppings. 

A Vivara vale R$ 7 bilhões na Bolsa.