A Vivara encerrou o ano passado com lucro recorde e ganhos de market share, e pretende acelerar a abertura de novas lojas neste ano mesmo com o cenário adverso para o varejo.

O CFO Otavio Lyra disse ao Brazil Journal que a inflação e os juros mais altos ainda “não afetaram o negócio da Vivara de maneira clara.”

Segundo ele, a empresa conseguiu repassar preços em “momentos oportunos” nos últimos dois anos, e continua vendo um aumento nas vendas ‘mesmas lojas’.

As same-store sales do ano cresceram 32% contra 2020 e 16% contra 2019. No quarto tri, as vendas mesmas lojas cresceram 11,5% – em linha com os 11,3% no mesmo período do ano anterior.

Com o ouro dobrando de valor nos últimos dois anos, ficou muito difícil para concorrentes menores recomporem seus estoques no momento da retomada pós-pandemia – o que ajudou a Vivara a ganhar 2,9 pontos percentuais de share e fechar o ano com 16% do mercado formal de jóias no Brasil. (Estima-se que o mercado informal seja do mesmo tamanho que o formal.)

“Em apenas um ano, adicionamos quase o tamanho da segunda maior empresa do setor,” disse Otavio.

O lucro recorrente, de R$ 287 milhões, foi quase o dobro de 2020 e 32% maior que 2019, o ano pré-pandêmico. No quarto trimestre, o lucro ficou em R$ 134 milhões – alta de 44,5% em relação ao 4T20 e de 25% sobre o 3T19.

2021 também marcou o ano em que a Vivara mais investiu em toda a sua história: o capex de R$ 104 milhões foi 130% maior que o de 2020, por conta da aceleração da expansão.

A Vivara inaugurou 41 novas lojas: 21 Vivara e 20 Life – a marca voltada para produtos de prata, que triplicou de tamanho para 33 lojas.  A empresa tem um total de 288 pontos de venda.

Este ano, a Vivara espera acelerar ainda mais, abrindo de 50 a 60 novas lojas – sendo de 35 a 40 da Life.

Otavio disse que a Life está presente em apenas 5% dos shoppings brasileiros e é um negócio de alta rentabilidade, já que a margem bruta de produtos de prata é 15 pontos percentuais maior do que a dos produtos em ouro, em média.

“A oportunidade para o curto e médio prazos na Life é replicar a capilaridade da Vivara,” disse Otavio. “Num horizonte de muito mais longo prazo, podemos levar a marca para uma expansão internacional.”

A Life nasceu como uma coleção dentro da Vivara e responde em média por 30% das vendas das lojas.

Quando a empresa abre uma loja Life no mesmo shopping onde existe uma Vivara ocorre uma transferência de 8% a 10% dos clientes para a Life, o que representa uma canibalização de receitas entre 2,5% e 3%.

Este percentual é pouco relevante porque Life traz ao grupo 40% de clientes novos: consumidores mais jovens, que compram mais produtos e com mais frequência. A oportunidade da companhia é entrar na vida do cliente mais cedo (com a Life) e fazer sua transição para a Vivara em outro momento de vida.

Em 2021, a receita líquida da Vivara foi de R$ 1,46 bilhão, uma alta de 40% em relação a 2020 e de 25% sobre 2019. As vendas ‘mesmas lojas’ cresceram 32% contra 2020 e 16% contra 2019.

No 4T21, o EBITDA ficou em R$ 135,8 milhões, com alta de 14,3% com relação ao 4T19 e queda de -1,1% sobre o 4T20.

A margem EBITDA caiu 5,1 pontos para 24,7% com o crescimento das despesas de pessoal, aluguéis e condomínio – as despesas de 2020 haviam sido beneficiadas pela adesão à Lei 14.020/2020, que permitiu a suspensão e redução de jornada nos contratos de trabalho e pelas renegociações nos aluguéis.

Ao longo de 2021, a companhia, que antes só comprava ouro à vista, passou a comprar a crédito da AngloGold, sua fornecedora exclusiva, em operações de risco sacado com o Santander, preservando cerca de R$ 70 milhões em fluxo de caixa ao longo do ano. Com o aumento das vendas e o preço do ouro, a Vivara – que tipicamente carrega estoque de produtos acabados de 10 meses – aumentou seu estoque em R$ 160 milhões ao longo de 2021.  O estoque total – entre matéria prima e produto acabado – era de R$ 527 milhões no final do ano.

Na agenda de M&A, a Vivara está considerando aquisições de players menores e mais nichados – com um price point maior – ou marcas mais populares.

“O negócio da Vivara pega hoje boa parte da pirâmide mas não está em nenhum dos dois extremos, e nós enxergamos oportunidades nestes dois segmentos da joalheria”, disse Otavio.