A semana enervante na bolsa derrubou mais uma vez os planos de IPO da Vittia, que produz fertilizantes e biopesticidas. 

A empresa já havia suspendido a operação em abril. Esta semana, retornou com a oferta via esforços restritos de distribuição. 

A precificação deveria ter acontecido ontem, mas, como disse um gestor, “só um maluco compraria um IPO numa semana como essa.” 

Agora, o plano dos coordenadores XP, Itaú BBA e Citi é voltar com a oferta em até duas semanas — nesse prazo, a companhia espera que o mercado esteja menos desafiador. 
  
O IPO precisa acontecer para dar saída ao fundo de private equity da BRZ, que investiu na Vittia em 2014 e quer zerar sua posição de 28%. 

Essa parte secundária responde por 85% da oferta e pode  movimentar R$ 341 milhões — se a ação sair no meio da faixa indicativa, que vai de R$ 8,60 e R$ 10,30. 

A parte primária, que será usada em aquisições, expansão e modernização, ficaria ao redor de R$ 55 milhões. 

Cerca de 84% da receita da Vittia vem de fertilizantes especiais, de origem mineral ou biológica, que complementam a nutrição das culturas e elevam a produtividade. Este é um mercado estimado em R$ 8 bilhões, onde o share da Vittia é de 5%. 

Mas o grande motor de crescimento da empresa devem ser os biopesticidas, que controlam pragas e doenças com fungos e bactérias.  Esse mercado é menor e mais novo — alcançou R$ 1 bilhão em 2019 — mas cresce em média 48% ao ano, e deve ganhar espaço dos defensivos químicos, que movimentam R$ 50 bilhões.

A Vittia vende para produtores de diversas culturas como soja, milho, algodão, café, cítricos, feijão e cana de açúcar. 

Fundada há 50 anos em São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, a Vittia é uma empresa familiar. Os irmãos Wilson e Guilherme Romanini manterão o controle da empresa e permanecerão à frente do negócio. 

A empresa destacou aos investidores a qualidade de sua área de pesquisa e desenvolvimento de produtos, criada com a chegada de novos funcionários após várias aquisições iniciadas com a entrada da BRZ no negócio. 

“É uma tese agro, rentável, com viés sustentável e perspectiva de crescimento orgânico e por aquisições. Mas não teve sorte por condições de mercado”, diz um gestor que tem interesse na operação. 

Em 2020, a empresa teve receita líquida de R$ 530 milhões (+ 23%); EBITDA de R$ 108 milhões (+ 48%) e lucro de R$ 86 milhões (+ 48%).