A Vibra acaba de reportar resultados bem acima do esperado no primeiro tri, puxados principalmente por one-offs como recuperações tributárias e a venda de imóveis.

O EBITDA foi o melhor da história para um primeiro trimestre: R$ 2 bilhões, uma alta de 43% em relação ao mesmo tri do ano anterior. O sellside esperava um número próximo a R$ 1,5 bilhão. A margem EBITDA ajustada recorrente foi de R$ 215 por m³.

O CEO Ernesto Pousada disse ao Brazil Journal que o resultado foi impactado por recuperações tributárias na ordem de R$ 394 milhões e pela venda de R$ 37 milhões em imóveis, mas que também houve melhorias operacionais que reduziram diversos custos — como os logísticos.

Sem esses one-offs, a margem EBITDA ajustada recorrente seria de R$ 164/m³, uma alta de 4,3% ano contra ano, em linha com as estimativas do sellside.

“Mesmo com os one-offs, esse número demonstra a capacidade da companhia de gerar resultados,” disse Ernesto.boopo ernesto pousada

A dona dos postos BR fez uma receita líquida de R$ 45 bilhões no primeiro tri, uma alta de 13% em comparação ao mesmo período do ano passado. O consenso Bloomberg apontava para um top line de R$ 43,4 bilhões.

A receita cresceu mesmo com uma queda de 2,2% do volume no período, na comparação anual.

Segundo o CEO, o primeiro trimestre no setor de distribuição foi relativamente estável apesar da volatilidade do preço do petróleo.

A Vibra também reportou um crescimento de 13% no negócio de lubrificantes – uma de suas principais alavancas de crescimento.

Já em sua vertical de renováveis — que inclui a operação da Comerc — a empresa reportou um crescimento de 19% e fez uma receita de R$ 1,2 bilhão.

O EBITDA da vertical, por sua vez, subiu 20,3% e chegou a R$ 213 milhões – número abaixo do esperado por bancos como a XP e o Santander. Ainda assim, a unidade de negócios viu seu prejuízo contábil subir 31% e chegou a R$ 115 milhões. A Vibra disse que esse valor foi impactado por amortizações e investimentos em expansão.

Segundo o CEO, apesar do aumento do prejuizo há um avanço na captura das sinergias com a Comerc, e a empresa deve entregar o guidance de EBITDA de R$ 1,3 bilhão.

“Esperamos que a Comerc alcance o breakeven no segundo semestre e, em 2026, tenha geração de caixa positiva,” disse.

Porém, o maior impacto da Comerc no primeiro tri foi no endividamento, graças ao pagamento pela fatia de 50% na empresa de energia.

Além disso, a Vibra assumiu em seu balanço a dívida de R$ 5,8 bilhões da Comerc. Resultado: a dívida líquida da Vibra subiu 93% em um ano e chegou a R$ 20,5 bilhões.

A alavancagem, por sua vez, subiu 0,7x e chegou a 1,8x, algo que já era esperado pelo mercado – mas dado que os one-offs deste tri não devem se repetir, Ernesto acredita que a alavancagem deve ficar em torno de 2,5x este ano.

No cenário macro, o CEO disse não estar preocupado com o preço do petróleo – que caiu 18% desde o início do ano. “Muita gente olha para o nosso negócio e acha que essas oscilações de preço têm impacto, mas a Vibra tem um negócio muito resiliente,” disse. “Tem impacto no estoque, mas a nossa margem tem se mantido, seja com movimentos de alta ou de baixa.”

A ação da Vibra cai 21% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 20,7 bilhões na Bolsa.