No Brasil, a Shein pratica os maiores preços de todas as suas operações pelo mundo, e ainda assim é mais barata que os concorrentes locais – mas a vantagem de preço da empresa asiática diminuiu nos últimos seis meses.
É isso o que mostra um relatório do BTG Pactual que compara os preços da rede chinesa em 15 países.
Os preços das mercadorias são, por exemplo, 29% mais altos do que os cobrados por artigos similares nos EUA – ou 157% mais caros se a comparação for feita levando em conta o poder de paridade de compra entre americanos e brasileiros.
Na comparação com países como França, Chile e Espanha, a história não é diferente. Os preços cobrados no Brasil são cerca de 30% maiores, usando no cálculo a conversão cambial.
Apenas no México as blusinhas, as malhas e os vestidinhos são, na média, mais caros que os vendidos no Brasil – na comparação com as cotações de mercado. Mas com o ajuste pela paridade de compra, a Shein brasileira sobe ao topo como a mais cara do mundo.
Para fazer a análise, os analistas do BTG pesquisaram os preços de oito tipos de produtos, como saias, jaquetas, calças jeans, bolsas e botas.
A cesta de mercadorias analisadas ficou mais cara no Brasil desde abril, segundo o relatório.
Mesmo assim, a rede chinesa ainda consegue oferecer preços consideravelmente menores que Renner, C&A e Riachuelo, diz o BTG.
Mas a diferença diminuiu nos últimos seis meses – o que, segundo os analistas, já mostra um impacto do ‘custo Brasil,’ além do efeito cambial.
“O movimento recente da Shein de expandir os fornecedores locais (ainda que o ritmo dessa estratégica seja incerto) deverá diversificar a produção, melhorar os serviços e alavancar o já elevado tráfego e engajamento na sua plataforma,” diz o relatório.
“Mas junto com o possível aumento da tributação, isso significa que a Shein vai competir sob as mesmas condições (ou muito próximas) que as redes locais.”
A varejista nacional que fica mais próxima dos preços da Shein é a C&A, que ainda assim cobra 21% a mais pela cesta de produtos analisados. Na Renner, a conta sai 36% mais alta.
Em abril, o preço na Renner ficava 68% acima do cobrado na Shein pelas mercadorias. Na Riachuelo e na C&A, ficava 53% maior.
Apesar da queda na vantagem, a Shein continuará dando trabalho à concorrência. A empresa é ágil para colocar novos produtos no mercado e ostenta uma enorme capacidade de venda no meio digital, dizem os analistas, dois pontos fortes em um varejo altamente competitivo.
Segundo as estimativas do BTG, a marca chinesa faturou R$ 7 bilhões no Brasil no ano passado, multiplicando por 3,5x os R$ 2 bilhões do ano anterior.