Numa atualização na sua cobertura de mineração & siderurgia e papel & celulose, o Santander disse que Vale e Suzano são suas top picks, com upsides potenciais de 50% sobre o preço de tela.

O banco também elevou a CSN Mineração e a CBA de ‘neutro’ para ‘compra’. 

Vale (+0,5%), Suzano (+3,3%), CSN Mineração (+3,6%) e CBA (+5,6%) subiam no início da tarde. 

Os analistas Yuri Pereira – que já trabalhou na XP e no Citi e agora assumiu a cobertura no Santander – e Artur Biscuola modelam uma alta no preço do minério e da celulose.

No caso do minério, o Santander projeta que o preço médio ficará em torno de US$ 120/t em 2024, ante US$ 105/t da estimativa anterior. 

A Vale será beneficiada diretamente por este aumento de preços, o que fará a empresa ter um dividend yield de 8% – e um potencial 1% a mais se a Vale pagar dividendos extraordinários. 

Além disso, o Santander disse que o cenário de provisões para as tragédias de Mariana e Brumadinho está mais claro. 

Para completar, nas contas do banco, a Vale está sendo negociada a um múltiplo EV/EBITDA de 3,5x para 2024 – 30% abaixo da média dos concorrentes australianos. 

O banco diminuiu o preço-alvo do ADR da Vale de US$ 19 para US$ 18 – levando em conta os últimos resultados da mineradora. O papel negocia a US$ 12 na Bolsa de Nova York.

A CSN Mineração também deve ser beneficiada pelo momentum do minério, com um dividend yield de 10% – assumindo um payout de 80% para ajudar na desalavancagem da CSN – e um otimismo maior com o andamento do projeto de pellet feed P15. 

O banco vê a CSN MIneração negociando a 3,7x EV/EBITDA para 2024, 8% abaixo da média histórica. O preço-alvo para a companhia subiu para R$ 7,50 – um upside potencial de 58% em relação ao preço de tela.

Na siderurgia, contudo, o cenário continua complicado com o contínuo crescimento do aço importado – mesmo com o aumento das tarifas de importação realizadas pelo governo brasileiro.

Este fator, somado ao esperado aumento de produção das siderúrgicas brasileiras, deve impactar negativamente os preços do aço – o que faz os analistas preferirem uma exposição às empresas americanas e mexicanas. 

“Embora os spreads do setor tenham retornado aos níveis de 2021, acreditamos que as empresas dos EUA ainda possam entregar margens fortes,” escreveram eles.  

Já o mercado de alumínio deve ter uma melhora. Nas contas dos analistas, o preço médio da commodity em 2024 deve ficar em torno de US$ 2.500/t, 10% acima do ano passado.

Isso deve beneficiar os resultados da CBA e, principalmente, ajudar a baixar sua alavancagem – que segundo o banco está em níveis “preocupantes”. 

Nas contas do Santander, a relação dívida líquida/EBITDA deve cair de 7,9x neste primeiro tri para 2,1x no final do ano. 

Além disso, os analistas veem a CBA negociando a 5,3x EBITDA – 27% abaixo dos concorrentes. O preço-alvo para o papel é de R$ 10, uma alta potencial de 42%. 

O setor de papel & celulose também está muito descontado, na visão dos analistas. 

O Santander vê preços da celulose acima dos US$ 740/t no curto prazo, enquanto as empresas estão negociando a múltiplos que refletem preços em torno de US$ 540/t – abaixo do custo marginal atual da indústria, que é de US$ 580/t.

Na análise de sensibilidade do banco, a cada US$ 10/t nos preços da celulose, o EBITDA das empresas cobertas pode subir entre 1,5% a 2%. 

Não por acaso, todas as empresas cobertas pelo banco – Suzano, Klabin, Copec e CMPC – continuam com recomendação de compra. 

Para os analistas, a Suzano sai na frente por alguns motivos: espaço para mais aumentos da celulose no curto prazo; potencial de alta no EBITDA neste ano; valuation atraente; iniciativas de crescimento atraentes e um balanço forte.

O Santander vê a Suzano negociando a 5,4x EV/EBITDA para 2024, contra uma média histórica de 6,5x. O preço-alvo do papel é de R$ 75, um upside potencial de 56% em relação ao valor de tela.

No caso de uma eventual compra da International Paper pela Suzano por uma proposta de US$ 42 por ação – o que fez o papel ter uma queda dramática nas últimas semanas –, o banco calcula que seria necessário um investimento de 35% de capital próprio e 65% de dívida para manter a alavancagem da companhia em 3,5x.

Nesse cenário, pontuam os analistas, a nova companhia seria negociada a 6x EV/EBITDA para 2025 e o preço-alvo ficaria em R$ 62 – atualmente o papel negocia a R$ 48.

“É importante destacar que não levamos em conta quaisquer sinergias operacionais ou fiscais, benefícios fiscais de ágio, e qualquer desinvestimento de ativos não essenciais ou outras fontes de caixa,” escreveram.