Nicola Calicchio, o ex-CEO da McKinsey no Brasil, será o vice chairman do conselho da MRV&Co, assumindo com uma agenda de ajudar a companhia a acelerar sua conversão de caixa no Brasil e tornar a Resia – a empresa da MRV na Flórida – cada vez mais independente da controladora.
Nos últimos anos, Nicola já havia assessorado a família Menin tanto num turnaround operacional da CNN Brasil quanto em projetos de melhoria da rentabilidade do Banco Inter.
“A gente não vai prometer nada, mas a ideia é fazer com a MRV o que foi feito com o Inter no último ano. A MRV está hoje onde o Inter estava há 12 meses,” Nicola disse ao Brazil Journal. Nos últimos 12 meses, o valor de mercado do Inter dobrou, com o banco mostrando ROEs crescentes.
A chegada do executivo fará o board da MRV crescer de sete para oito membros, dos quais cinco são independentes: Betânia Tanure, Paulo Kakinoff, Silvio Meira, Antonio Kandir e agora Nicola.
A indicação de Nicola por Menin vem num momento em que a MRV tenta virar a página dos anos pós-pandemia — quando a companhia foi atingida pela inflação de custos e a decisão, que parecia acertada na época, de queimar o estoque para fazer caixa.
Segundo Nicola, o momento operacional é “excelente,” dado que a safra de projetos com rentabilidade negativa “não acabou 100%, mas está acabando. O mix está melhorando, com os projetos com margem boa ganhando cada vez participação, e as margens dos novos projetos são as melhores em 20 anos.”
O outro desafio da empresa é a Resia, que nos últimos anos cresceu se apoiando no balanço da MRV e foi atropelada pela alta de juros de 0% para 5% nos EUA. Executivos da MRV têm dito ao mercado que uma opção seria separar as duas operações.
Segundo Nicola, a nova diretriz é que “não vamos mais mandar dinheiro para a operação nos EUA. Daqui por diante o ritmo de crescimento dela vai ser ditado pela sua própria geração de caixa, e não por injeções de capital da MRV.”
A relação de confiança entre Nicola e Menin forma um odd couple: um cruzeirense fanático dando advice ao maior patrono do Atlético Mineiro. Nicola foi presidente do conselho consultivo do Cruzeiro nos últimos dois anos, assumindo o cargo logo depois que o clube foi comprado por Ronaldo.
Além da MRV, Nicola está nos conselhos da Hapvida, Cimed e Península Investimentos, o family office da família Diniz.
A ação da MRV fechou o dia a R$ 6,72, com a companhia valendo R$ 3,78 bilhões na Bolsa. O papel cai 40,5% nos últimos 12 meses.