Eduardo Fregonesi passou oito anos construindo a Synapcom, a empresa de full commerce adquirida em 2021 pela Infracommerce por mais de R$ 1 bilhão. 

Agora, o empreendedor está tentando um replay com uma nova startup, a Unlock, cujo modelo de negócios é similar ao da Synapcom — mas com uma pequena grande diferença.

A Unlock também vai operar no mercado de ecommerce, mas apenas no que Fregonesi chama de ‘pós-compra’.

Em outras palavras, tudo que uma marca precisa fazer depois que o consumidor aperta o botão de comprar no ecommerce — incluindo a gestão da logística e dos pagamentos, a entrega dos produtos e a devolução, e o atendimento ao cliente. 

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A Synapcom também operava nessas etapas, mas fazia também o ‘pré-compra’: a criação do ecommerce, e o trabalho de conteúdo e marketing.

Com a pandemia, o mercado online amadureceu e percebemos uma evolução tambem na demanda,” Fregonesi disse ao Brazil Journal. “De 2014 até 2021, muitas marcas estavam entrando no ecommerce e precisavam de ajuda para fazer tudo. Hoje em dia, a parte de estratégia de vendas elas querem tocar elas mesmas. Não faz mais sentido terceirizar. O que elas precisam é de alguém que faça a logística, o delivery, os pagamentos e o SAC.”

Segundo o fundador, a Unlock vai se diferenciar por ter uma tecnologia proprietária: a empresa desenvolveu seu próprio OMS (order management system), o software responsável por gerir a entrada dos pedidos; e pretende desenvolver no futuro um WMS (warehouse management system), que faz a gestão dos galpões logísticos; e um TMS (transportation management system), que gere a relação com as transportadoras que fazem as entregas.

O modelo é parecido ao de empresas como a Estoca, que fez uma rodada recentemente e também opera a parte logística de players de ecommerce. Fregonesi disse que o diferencial da Unlock em relação a esses players é que ela oferece também a parte de pagamentos e o SAC, dando uma experiência completa.

 A Unlock está nascendo com um investimento de R$ 40 milhões liderado pela Inventa, uma empresa que atua no mercado de ecommerce B2B e que captou R$ 400 milhões com investidores como o A16z, Monashees, Maya Capital e ONEVC.

Fregonesi e seu sócio, Marcel Jacob, também estão colocando capital próprio. 

A Inventa ficará com uma participação relevante (mas não revelada) no capital da Unlock. 

“Conversamos com alguns fundos, mas quando nos apresentaram a Inventa vimos que tinha uma sinergia muito grande entre as duas empresas, por isso preferimos esse investimento estratégico,” disse Fregonesi.

“A Inventa é um ecossistema B2B, com um marketplace, ads, e também com os serviços de logística. E a gente vai focar só no B2C. Pensando num cross sell isso fica um negócio poderoso, porque o cliente vai poder ter a solução B2B e B2C de uma só vez.”

A Unlock já atende seis clientes e está em conversas avançadas com outros potenciais.

O foco da startup é o middle market: marcas que vendem de R$ 10 milhões a R$ 100 milhões por ano e não têm escala para ter um time de tecnologia e infraestrutura que consiga entregar um bom nível de serviço. 

“Queremos oferecer para nossos clientes uma experiência alto nível para seus consumidores, similar a de grandes players como Mercado Livre e Amazon, com entrega rápida e experiência fluída. Hoje em dia, isso é um diferencial estratégico importante,” disse o fundador. 

A projeção de Fregonesi é ambiciosa: ele espera ter 70 clientes nos próximos dois anos, com um volume de pedidos de 300 mil/mês.