A Third Point comprou US$ 750 milhões em ações da Royal Dutch/Shell e começou a agitar para dividir a empresa em duas.
Pela proposta, uma companhia ficaria com o negócios tradicionais — como a atividade de refino — e teria um fluxo de caixa estável, enquanto a outra empresa reuniria as iniciativas da Shell em energias renováveis, que ainda exigem um capex pesado.
Na avaliação da gestora ativista, o ‘breakup’ da empresa deixaria a estratégia da Shell mais clara, e as duas companhias poderiam atrair investidores de perfis diferentes, que hoje têm demandas conflitantes em relação à petroleira. (Uns querem crescimento; outros esperam dividendos. Uns amam petróleo; os outros odeiam carbono.)
A informação é do The Wall Street Journal, que teve acesso a uma carta enviada pela Third Point a investidores. Segundo o jornal, a posição montada pela gestora faz da Third Point um dos maiores acionistas da Shell, que vale hoje US$ 190 bilhões na Bolsa.
Na carta, a Third Point diz que a Shell está sendo negociada com desconto em relação aos concorrentes “apesar de ter um melhor conjunto de negócios.”
A gestora estima que a nova empresa, que atuaria em gás natural liquefeito, energias renováveis e marketing, poderia valer na Bolsa tanto quanto a Shell vale atualmente.
A Shell — que é sócia da Raízen no Brasil — tem liderado a indústria de petróleo num esforço para adequar seu negócio a um mundo sem carbono.
A Third Point disse na carta que os dois lados já começaram a conversar, mas o nível de receptividade da Shell não está claro. A companhia publica seu resultado trimestral amanhã.
A ação da Shell passou do vermelho para o azul quando a notícia foi publicada ao redor do meio-dia, e está fechando esta quarta-feira em alta de 1,4%.
Outras petroleiras como a Eni e a Repsol já sinalizaram planos de fazer o spin off de seu negócio de energia renovável como forma de financiar sua estratégia de transição energética.