Num feito inédito para um empreendedor brasileiro, Victor Lazarte — o fundador da empresa de games Wildlife Studios — acaba de se tornar sócio da Benchmark, uma das mais prestigiosas gestoras de venture capital do Silicon Valley.

Em Palo Alto, Victor será um dos seis general partners da gestora de early stage, que opera com um modelo super enxuto de partnership em que todos os sócios têm a mesma participação.

Isso o coloca num clube seleto a que já pertenceram ícones da indústria de VC como Bill Gurley, que se aposentou no final de 2020, e Mitch Lasky, conhecido por sua expertise em games e que liderou o investimento da Benchmark na Snap, que teve um retorno estratosférico. (Mesmo antes do IPO da Snap em 2017, o fundo da Benchmark já estava dando um retorno de 11x o capital investido, líquido de taxas).

Além da Snap (a dona do Snapchat), a Benchmark foi um dos primeiros cheques do Uber, Riot Games, Ebay, Instagram e Twitter. Segundo o Crunchbase, desde 2011, a Benchmark já fez 37 saídas bem sucedidas — 14 IPOs e 23 M&As — somando mais de US$ 60 bilhões. 

Na gestora, o brasileiro vai fazer de um a dois investimentos por ano, com uma visão agnóstica em relação a setores e buscando startups em todo o mundo, incluindo o Brasil e a América Latina.

“Tudo que fazemos na Benchmark é com a ideia de ser o melhor parceiro para o empreendedor,” Victor disse ao Brazil Journal. “Não temos um time grande e nem outras coisas que distraiam a gente de estar próximo do empreendedor, de ajudar ele a crescer.”

“E esse é um trabalho que não dá para delegar para outras pessoas da equipe. Os melhores founders querem passar tempo com os sócios, e não com outras pessoas.”

Victor e a Benchmark já tinham uma relação especial.  Em 2019, quando a Benchmark liderou a rodada que transformou a Wildlife num unicórnio, o valor atribuído à empresa –  US$ 1,3 bilhão – foi o segundo maior valuation de entrada da Benchmark desde sua fundação em 1995.

De lá para cá, Victor passou a ter contato direto com Peter Fenton – o sócio responsável pelo investimento e que ajudou a Wildlife a traçar sua nova estratégia e a montar um time executivo. 

A entrada de Victor na Benchmark vem meses depois do empreendedor deixar o cargo de CEO da Wildlife, assumindo a posição de chairman. Em seu lugar, assumiu Peter Hill, um ex-executivo da Amazon que era o chief product officer da empresa até então.

Victor disse que sua ida para a Benchmark não muda suas atribuições na Wildlife, onde ele gasta boa parte do tempo buscando novos desenvolvedores de games para se juntarem ao ecossistema da companhia.

A Wildlife — que surgiu como uma desenvolvedora de jogos mobile — hoje atua como uma plataforma que atrai desenvolvedores e os ajuda a criar seus próprios estúdios. Depois, ela divide os resultados com os criadores. 

“É um trabalho parecido com o que eu vou fazer na Benchmark,” disse ele. 

Nos últimos anos, Victor também também já teve experiência como investidor-anjo. Ele participou do seed round da Brex, avaliada em US$ 12 bilhões há dois anos, e foi um dos primeiros cheques da ScaleAI — que ajuda empresas a treinar seus modelos de inteligência artificial — e da Figma, uma ferramenta de design colaborativo. 

A Scale AI foi avaliada em US$ 7,3 bilhões em sua última rodada privada; a Figma foi vendida para a Adobe no ano passado por US$ 20 bi. 

Victor se junta aos outros cinco sócios da Benchmark: Peter Fenton, Eric Vishria, Chetan Puttagunta, Sarah Tavel e Miles Grimshaw.