A Ultragaz acaba de comprar a NEOgás, uma empresa especializada na compressão e distribuição de gás natural comprimido para regiões que não são atendidas por gasodutos.
A aquisição marca a entrada da Ultragaz no setor de gás natural.
A companhia controlada pela Ultrapar vai desembolsar R$ 165 milhões pela totalidade das ações da companhia, que nasceu no Rio Grande do Sul mas hoje tem atuação nacional. A NEOgás comprime e transporta 100 milhões de metros cúbicos por ano.
Além de uma fábrica e seis bases de compressão, o negócio também envolve a compra de 149 carretas, que são utilizadas para o transporte dos cilindros.
Para se ter uma ideia, o gás natural comprimido passa por um processo que reduz seu volume em 270 vezes – o que permite levar o combustível a empresas e consumidores nos rincões do Brasil de maneira rentável.
Mas para além do negócio atual, a Ultragaz está de olho no mercado de biometano, o combustível derivado do biogás produzido a partir de rejeitos orgânicos, que começa a ganhar força como combustível sustentável.
“Estamos numa curva de aprendizado inicial para chegar a uma Ultragaz do futuro. Vamos ter uma transformação do mercado para uma maior utilização de gases de fontes renováveis,” o CEO Marcos Lutz disse ao Brazil Journal. “É o tipo de negócio que estamos pensando para os próximos 20 anos.”
Um estudo realizado pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizados (Abegás) em conjunto com a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) mostra que a produção nacional de biometano vai atingir 2,2 milhões de m³ por dia até 2027. Hoje, o Brasil não produz nem 400 mil m³ por dia.
Ainda segundo o levantamento, há uma série de plantas de biometano previstas para os próximos anos, seja de aterros sanitários ou ligadas ao setor sucroalcooleiro. O problema, no entanto, é que ainda não há um caminho estruturado para levar essa produção até os clientes, disse Lutz. Aí é que entra a NEOgás.
Mesmo com a oportunidade do biometano, a Ultragaz continuará dando atenção aos outros negócios da NEOgás, como o transporte do gás natural veicular (GNV), que seguirá sem exclusividade para os postos Ipiranga.
A compra da NEOgás é a segunda realizada pela Ultragaz em dois meses. Em setembro, a empresa comprou 100% da startup de energia solar distribuída Stella, e Lutz disse que continua buscando aquisições para a “Ultragaz do futuro.”