A Iberdrola anunciou hoje que comprou a fatia de 30,29% que a Previ tinha na Neoenergia, elevando sua participação na companhia elétrica para 83,8% do capital.

A transação — que vinha sendo especulada há meses pelo mercado — saiu a R$ 32,50 por ação, um prêmio de 15% em relação ao fechamento de ontem, com a Iberdrola desembolsando R$ 11,95 bilhões.

A ação da Neoenergia sobe 3,3% no início da tarde com a notícia. A empresa agora vale R$ 35 bi na Bolsa.

A operação não dispara o tag along porque a Iberdrola já era controladora da Neoenergia, com 53,3% do capital. Ou seja, não houve mudança no controle. 

Agora, o mercado debate se a Iberdrola vai preferir manter a Neoenergia listada ou não.

Para Antonio Junqueira, que cobre a empresa no BTG, a Iberdrola “vai agora tomar seu tempo para decidir estrategicamente sobre seu próximo passo. A Iberdrola pode optar por manter as portas do mercado de capitais abertas considerando que o setor é intensivo em capital e podem surgir outras oportunidades para a Neoenergia.”

Para fazer a compra, a Iberdrola vai usar cerca de metade dos € 3,7 bilhões que levantou com a venda recente de seus ativos no México. A Iberdrola também fez um aumento de capital de US$ 5,88 bilhões em 23 de julho. 

Javier Garrido, que cobre a Iberdrola no JP Morgan, disse que o movimento faz sentido: a Iberdrola está fortalecendo sua posição num mercado core ao mesmo tempo em que sai de um país onde o potencial de crescimento era “questionável.”

Para Garrido, a Iberdrola vai sim fazer uma oferta pelo free float, ao mesmo preço da oferta da Previ, assim que a transação com o fundo de pensão for concluída. 

“A alternativa de sentar numa posição de 84% por alguns anos até ela poder fazer uma oferta aos minoritários por um preço menor parece menos atrativa do ponto de vista da Iberdrola, ainda que não seja impossível,” escreveu o analista. “Comprar o free float ao mesmo preço pago a Previ faria a combinação dessas transações no México e Brasil virtualmente neutras do ponto de vista de lucro na nossa visão.”

O Bank of America e o UBS BB assessoraram a Iberdrola, que teve a assessoria jurídica do Mattos Filho.