A ação da Vivara saiu a R$ 24 no IPO, segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal. O valor ficou um pouco acima do ponto médio da faixa indicativa, que ia de R$ 21,17 a R$ 25,40.
A joalheria estreia na Bolsa valendo R$ 5,7 bilhões, um múltiplo de cerca de 23 vezes o lucro estimado para 2020 — próximo de varejistas consideradas de alta qualidade, como a Renner, que negocia a 27 vezes.
Numa oferta com demanda forte, mas dominada por investidores locais, bancos e acionistas vendedores tentaram puxar o preço para o teto da faixa, mas enfrentaram resistência. Alguns fundos grandes haviam sinalizado disposição de ancorar a oferta no ponto médio da faixa.
À tarde, os coordenadores chegaram a testar o preço de R$ 24,50 por ação, mas tiveram que ceder, especialmente num dia fraco para a Bolsa brasileira.
“Se esse papel subir 10%, ele fica caríssimo”, diz um gestor que ficou de fora.
Itaú Asset Management, Sharp, SPX Capital, Constellation e Truxt ancoraram a oferta com tíquetes próximos de R$ 120 milhões cada, e, segundo alguns relatos, houve um compromisso informal dos âncoras de não vender o papel por 90 dias.
O IPO foi objeto de desejo por parte de investidores pessoa física, o que é comum em ofertas de empresas de marcas conhecidas, mas apesar do interesse, na alocação final o varejo ficou com apenas 10% da oferta — e metade desta alocação está sujeita a um lockup [proibição de venda] de 90 dias, uma inovação no segmento de varejo usada na oferta de Petrobras em junho e repetida agora.
No buyside institucional, a ambição da Vivara sinalizada durante o roadshow — de dobrar o número de lojas em quatro anos — foi considerada agressiva, reduzindo a margem de manobra da empresa e criando o risco de ‘overpromise e underdeliver’. A rede hoje tem 260 lojas.
Ao todo, a oferta deve levantar R$ 2,3 bilhões, considerando a colocação dos lotes adicional e suplementar. Do total, R$ 453 milhões vão para o caixa e o restante para a família Kaufman – que se encarregou pessoalmente de ligar para alguns fundos durante o processo de IPO.
Maior vendedor, o patriarca Nelson Kaufman vai embolsar, sozinho, R$ 1,4 bilhão.
Os coordenadores da oferta foram Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch, XP e JP Morgan.